23/02/16

Prefeitos pedem celeridade na abertura de novas vagas em curso de medicina

Paulo Negreiros/FNP Ministro Vital do Rêgo recebe prefeitos para tratar do edital Ministro Vital do Rêgo recebe prefeitos para tratar do edital

Mobilizados pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) às vésperas da votação no Tribunal de Contas da União (TCU) do processo sobre o edital que trata da abertura de novos cursos de medicina em 39 municípios brasileiros, prefeitos estiveram reunidos, na manhã desta terça-feira (23), com a ministra Ana Arraes e o ministro Vital do Rêgo Filho, para pedir celeridade na votação do processo. O objetivo das reuniões, realizadas na sede do TCU, em Brasília (DF), é buscar alternativas para que o edital, publicado em 2014, não seja anulado. 

Os prefeitos de Três Rios (RJ), Vinicius Farah, vice-presidente de Desenvolvimento Econômico da FNP, de Araras (SP), Nelson Brambilla e o vice-prefeito de Araçatuba (SP), Carlos Hernandes, em reunião com o ministro Vital do Rêgo, que pediu vistas do processo durante audiência do TCU, no dia 17 de fevereiro, falaram da preocupação com o impacto nas cidades caso seja decidido pela anulação do edital.

De acordo com o ministro, a matéria será motivo de um intenso debate no Tribunal. “Faremos a análise técnica dos pontos do processo para apresentar durante a pauta. Precisamos olhar para esta matéria pela importância que ela tem para o país”, afirmou. O ministro, que também é formado em medicina, falou ainda que o mérito da questão é indiscutível. “Até amanhã iremos concluir o voto. Aqui analisamos pela legalidade e depois o mérito. Temos que ver o interesse público, mas também as questões técnicas”, concluiu Vital do Rêgo.

Para o prefeito Vinicius Farah, “o nosso desespero da não validação do processo que o MEC construiu e, que já está pronto aguardando apenas o posicionamento do TCU, é em relação a um atraso de mais 2 anos na formação desses novos profissionais. “Estamos falando que o atraso de mais de um ano impacta diretamente na falta de profissionais na saúde pública para atender o cidadão nas cidades, nos quatro cantos do país. De acordo com o prefeito, há 9 meses a prefeitura de Três Rios (RJ) está repassando mais de 1,1 milhão reais para uma instituição filantrópica, hospital da cidade, que necessariamente teria que aceitar se transformar em um hospital-escola. “Então envolve vidas, porque a ausência de médicos formados na saúde pública de qualquer cidade desse país coloca em risco a vida do cidadão e, envolve também aporte financeiro que as cidades estão fazendo há quase um ano pra consolidar esse programa que, no nosso entendimento, muda completamente a realidade da vida nas cidades”, concluiu.

Na ocasião, o prefeito de Araras (SP), Nelson Brambilla, falou da necessidade dos ministros construírem uma saída que não prejudique os municípios que já estão com o processo de abertura de vagas em andamento. “O nosso povo precisa de mais médicos para atender a população mais carente. Araras se preparou e fizemos investimentos para que a concretização da abertura do curso fosse possível. É necessário encontrar alternativa jurídica que não seja a anulação do edital”, argumentou o prefeito.

Com a ministra Ana Arraes, relatora do processo, e que manteve o mesmo posicionamento pela anulação do edital durante a audiência do último dia 17, participaram da reunião os prefeitos de Cachoeiro de Itapemirim (ES), Carlos Roberto Castiglione e de Cubatão (SP), Marcia Rosa. “Esse edital é um sonho. Faz parte da segunda etapa do Programa Mais Médicos e corre o risco de sofrer com uma desassistência até o período de formação de novos profissionais”, afirmou Casteglione. O prefeito defendeu, ainda, que a nota técnica do Ministério da Educação (MEC) que incluiu nova regra durante o andamento do processo, objeto de análise que está em discussão no TCU, garante maior sustentação e solidez financeira das instituições participantes.

Na oportunidade, a prefeita Márcia Rosa, destacou a importância da pauta para os municípios brasileiros. “A questão vai além da formação de médicos. Com o atraso para iniciar o curso, alguns municípios estão enfrentando também a debandada de investimento”, afirmou.

A relatora do processo, ministra Ana Arraes, prometeu celeridade para devolver o tema ao plenário do tribunal. A comitiva de prefeitos também foi recebida no gabinete do ministro-substituto Augusto Sherman, pela chefe de gabinete, Cândida Lúcia Rebouças, que se comprometeu em levar a demanda ao ministro.

MAIS AUDIÊNCIAS

O tom de preocupação frente à possibilidade de anulação do edital que trata da abertura de novos cursos de medicina marcou também as reuniões realizadas no período da tarde desta terça-feira. Ainda na sede do TCU, a comitiva de prefeitos foi recebida pelo ministro Walton Alencar, pelo chefe de gabinete do ministro Augusto Nardes, Maurício Wanderley, e por assessores do ministro Bruno Dantas.

O ministro Walton Alencar se mostrou atento à questão que, segundo ele, requer uma avaliação criteriosa. “O tema será examinado com toda a atenção merecida”, ressaltou o ministro.

“Absolutamente dentro dos critérios estabelecidos, nós fizemos investimentos com o objetivo de formar profissionais médicos em nossa região para atender nossa população. É o que as 39 cidades esperam”, argumentou a prefeita de Campo Mourão (PR), Regina Dubay, na reunião com Maurício Wanderley. De acordo com o chefe de gabinete, o ministro Augusto Nardes está sensibilizado e mobilizando os outros ministros. “A vinda de vocês aqui é muito importante. É fundamental que haja esse clamor”, pontuou Wanderley.  

Segundo assessores do gabinete do ministro Bruno Dantas, ele também é totalmente sensível ao apelo dos municípios e tem acompanhado o assunto com especial dedicação.

Finalizando a agenda desta terça-feira, os prefeitos estiveram com o secretário-executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa. Após as declarações dos prefeitos, que seguiram no entendimento que o cancelamento do edital resultaria em um atraso de, pelo menos, dois anos na formação de profissionais, Luiz Cláudio ratificou que o documento não traz nenhum erro jurídico. “Essa movimentação política é muito válida. Estamos convictos que não há erro”, ressaltou.

O prefeito de Rio Claro (SP), Du Altimari, sintetizou a importância das audiências articuladas pela FNP. “Esses encontros foram muito importantes. Foi uma oportunidade de apresentarmos o lado humano da questão”, disse.

Confira mais fotos desta reunião aqui.

Redator: Ingrid FreitasEditor: Paula Aguiar
Última modificação em Quarta, 24 de Fevereiro de 2016, 16:54
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