09/04/15

Banco Palmas divulga resultados no III EMDS

Não existe bairro pobre, há comunidade que se empobrece. A afirmação é de Joaquim de Melo Neto, fundador do Banco Palmas, o primeiro banco popular do Brasil. Criado há 17 anos, no Conjunto Palmeiras, bairro popular situado na periferia de Fortaleza (CE), a instituição movimentou somente no ano passado recursos da ordem de R$ 17 milhões. Hoje, alcança cerca de um milhão de pessoas de 19 estados do país. 

“Tem comunidade que se empobrece porque ela perde suas poupanças, perde seus ativos com o que ela consome fora”, disse. “A grande revolução para gerar trabalho e renda começa na estimulação da produção e do consumo local”, destacou. A experiência do banco social foi apresentada no III Encontro dos Municípios com Desenvolvimento Sustentável (EMDS), realizado entre os dias 07 e 09 de abril, em Brasília (DF). Nesta edição, o encontro, considerado o maior sobre sustentabilidade urbana do país, registrou mais de 9,3 mil inscrições.

O Banco Palmas nasceu após a constatação de que, apesar dos avanços sociais como urbanização, a população ainda se considerava muito pobre. Em 1997, líderes comunitários locais fizeram um levantamento para mapear as condições econômicas do bairro. A pesquisa mostrou que a comunidade formada por 18 mil habitantes movimentava anualmente cerca de R$ 2 milhões, mas cerca de 80% da aquisição era adquirida fora.

 “Realizamos várias dinâmicas para ensinar as pessoas a reorganizarem a economia local”. Com isso, foi criada uma rede de "prossumidores" (produtores e consumidores). Para fomentar a geração de renda, lançou instrumentos como crédito com garantia baseada na palavra da vizinhança, moeda social, suporte à criação de empresas comunitárias e qualificação profissional. A experiência deu certo: hoje são 34 bancos comunitários no país, geridos pelo Instituto Palmas, inaugurado em 2005.

 “A bancarização dos pobres começou a ser inventada pelos próprios pobres”, observou o secretário Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paul Singer. “É a prática da democracia nas comunidades”, completou.

Troca de experiência – Além da apresentação do Banco Palmas, o III EMDS promoveu na tarde desta quinta-feira (9), mais uma rodada da Reunião de Gestores Estaduais de Políticas Públicas de Economia Solidária. A proposta foi promover processos participativos de intercâmbio que possibilitem o aprimoramento das estratégias, metodologias e instrumentos de promoção da economia solidária nos estados com vistas ao desenvolvimento territorial sustentável.

Editor: Bruna Lima
Última modificação em Quinta, 09 de Abril de 2015, 18:10
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