23/03/22

Secretários e dirigentes municipais de mobilidade discutem segurança viária na 109ª reunião do FNMU

Encontro reuniu gestores brasileiros, espanhóis e italianos em Curitiba/PR, onde discutiram boas práticas em mobilidade urbana, segurança no trânsito e a iniciativa Visão Zero; programação segue durante todo o dia

Segurança viária, Visão Zero e boas práticas em mobilidade urbana foram alguns dos destaques da 109ª reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, realizada nesta quarta-feira, 23, em Curitiba/PR. O encontro reuniu gestores brasileiros, espanhóis e italianos dentro do contexto do Smart City Expo e da 82ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), marcados para esta semana na capital paranaense.

O prefeito de Marília/SP, Daniel Alonso, representou a entidade durante o evento e ressaltou que gestores(as), secretários(as) de mobilidade urbana de todo o Brasil e governo federal “podem contar com o apoio de prefeitas e prefeitos nessa pauta.

Paulo Guimarães, presidente do Fórum e secretário de Mobilidade Urbana de São José dos Campos/SP, deu boas-vindas aos presentes e destacou o protagonismo das discussões voltadas para trânsito e mobilidade ativa. Já o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Frederico de Moura Carneiro, lembrou a importância do Fórum Consultivo de Mobilidade Urbana, instituído em outubro do ano passado. “Vocês, gestores municipais, é que sabem das dificuldades de gerir o trânsito. Faltam condição, estrutura, apoio. Esse Fórum será um canal de diálogo para isso, para que atuemos juntos”, disse. Saiba mais.

Pela manhã, o foco da reunião foi no trânsito e nas formas de reduzir o número de mortos e feridos. O analista de Mobilidade Ativa do WRI Brasil Bruno Rizzon falou sobre a proposta Visão Zero, baseada na aceitação do erro humano, que prega que nenhuma morte no trânsito é aceitável.Saiba mais. De acordo com dados revelados pelo instituto, 1,3 milhão de pessoas morrem todos os anos em sinistros, sendo que eles são a principal causa de morte entre jovens de 5 a 29 anos de idade. “Sinistros de trânsito devem ser tratados como questão de saúde pública”, alertou.

Jorge Tiago Bastos, professor e coordenador do acordo de cooperação técnica entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONVS), falou sobre a iniciativa “Rodovias que perdoam”, que possibilita que a falha humana seja evitada, ou que ocorra menos, ou que a consequência dessa falha seja minimizada. A proposta segue o Visão Zero de segurança e leva em conta consequência, exposição e risco, dimensões usadas para calcular números de mortos e feridos no trânsito. “Precisamos cada vez mais encolher esses números”, apontou.

Já o diretor do Departamento Nacional de Segurança no Trânsito (Senatran), Daniel Mariz Tavares, informou aos gestores sobre o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Penatrans), instituído por meio da Lei 13.614/2018. A meta é, dentro da Agenda 2030, reduzir em 50% o índice nacional de mortos e feridos por grupo de veículos e por grupo de habitantes. “Essas mortes e lesões anuais custam cerca de 3% do PIB mundial”, alertou. “Será uma união de esforços e os gestores municipais têm um papel muito importante nesse processo”, acrescentou.

O prefeito Daniel Alfonso lamentou as mortes e lesões cada vez mais frequentes. “Essas mortes me parecem pior que a COVID-19, porque para esta doença existe vacina. A vacina para as mortes no trânsito está nas iniciativas apresentadas nesse Fórum. Gosto muito da ideia do Penatrans, pois facilita da vida de prefeitas e prefeitos que, muitas vezes, não têm condição de elaborar um plano assim. Com as diretrizes, fica mais fácil o nosso trabalho”, elogiou.

Dentro desse assunto, Paulo Guimarães adiantou que haverá uma capacitação técnica para implementar o Penatrans nos municípios. “A ideia é que esse conteúdo já seja aplicado no segundo semestre deste ano, estamos muito confiantes que vai dar certo”, completou.

Cidade 30
O prefeito da cidade espanhola de Nigran, Juan Gonzáles Pérez, participou do debate e compartilhou a experiência exitosa no município. Com menos de 100 mil habitantes, a proposta local, segundo Juan, “é fazer um trânsito cada vez mais acessível.”

Segundo o prefeito, existe um conceito na Espanha que considera o espaço público como um direito do cidadão. O esforço é para que os espaços sejam cada vez mais acessíveis e confortáveis para ciclistas e pedestres - levando em conta crianças, idosos, pessoas com deficiência etc. “Pessoas devem estar em primeiro lugar, é preciso pensar em uma mobilidade cada vez mais ativa”, comentou.

Para isso, foi pensado o projeto Cidade 30, em que é aplicada a velocidade máxima de 30km nas vias urbanas. “Tem a ver com os recursos que podemos oferecer aos cidadãos. Precisamos lutar contra a violência viária e realmente permitir uma convivência harmônica entre pessoas e veículos. O foco deve ser na redução global de velocidade.”

A programação da 109ª reunião do FNMU segue durante a tarde. 

Redator: Jalila ArabiEditor: Livia Palmieri
Última modificação em Quarta, 23 de Março de 2022, 16:52
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