Gil Peñalosa falou a estudantes e técnicos de mobilidade em palestra realizada pelo governo do Paraná, FNP e outras organizações parceiras
Cidades devem ser planejadas para fazer felizes pessoas de oito e de oitenta anos. É o que defende o especialista em urbanismo Gil Peñalosa, que debateu, nesta quarta-feira, 23, em Curitiba/PR, como as cidades podem ser “mais justas, saudáveis e felizes”. Promovido pelo governo do Paraná, em parceria com organizações como a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o evento acorreu no contexto das atividades articuladas pela FNP na capital paranaense. Ao longo desta semana, a entidade reúne governantes municipais, secretários e técnicos para discutirem as demandas de médias e grandes cidades.Saiba mais aqui.
Fundador e presidente do conselho da ONG canadense 8 80 Cities, Peñalosa apresentou a um público de estudantes e técnicos na área de mobilidade urbana suas percepções sobre o desenvolvimento e planejamento das cidades. Segundo ele, as cidades precisam ser pensadas para todos e para isso é necessário “pensar de maneira radicalmente diferente”. “A gente precisa de óculos novos para olhar para as nossas cidades”, disse.
Para Peñalosa, a pandemia veio como uma mensagem, mostrando para a população a importância da qualidade do ar, da ocupação de espaços públicos urbanos e da saúde física e mental. No cenário pós-2019, ele avalia que coisas que antes levavam muitos anos para começar a mudar, precisaram apenas de dias. E ele atribui isso à pandemia. “O impossível tornou-se possível e as pessoas viram que isso foi uma grande oportunidade”, disse em referência à priorização da ocupação de espaços públicos de forma democrática e para todos.
Ele citou São Francisco (EUA) como um exemplo de cidade que, em 24h, transformou campos de golfe em parques públicos urbanos. Para o urbanista, tudo o que é feito em uma cidade deve levar em conta o impacto na saúde da população, a equidade e a sustentabilidade, prezando o bem-estar físico e mental. “O objetivo é ser uma cidade em que todas as pessoas vivam como mais saúde e mais alegria”, falou.
Conforme ele, ruas e parques são espaços para pessoas, não para carros. Além disso, oferecem a oportunidade de integração e relacionamento. “Quem ganha um salário mínimo e quem ganha um supersalário não vão para mesma escola ou vivem no mesmo bairro, mas podem se encontrar nas ruas, nos parques”, defendeu. Para ele, a promoção de ambientes assim é “o meio, não o fim; o fim é criar comunidades”, que só podem ser boas se seguirem três passos.
O primeiro, considerar pessoas de oito anos; o segundo, pessoas de oitenta anos; e o terceiro, proporcionar segurança e bem-estar para ambos os públicos. Seja no transporte, seja na ocupação dos espaços. “Tudo o que é feito tem que ser bom para alguém de oito anos e alguém de 80 anos. São indicadores da espécie”, avaliou. Para ele, O interesse geral deve prevalecer aos interesses particulares e para isso é imprescindível lideranças inteligentes.
Ele defendeu, ainda, ações para o bem-estar, que passam pela alimentação natural; direito à habitação, qualidade do sono, socialização e atividade física. “Cidade com equidade e sustentabilidade é onde todas as pessoas vivem com saúde e alegria”, concluiu. Gil Peñalosa é um dos palestrantes no Smart City Expo Curitiba, evento sobre cidades inteligentes que acontece na capital paranaense nesta semana. Acesse aqui e saiba mais – inscritos para a 82ª Reunião Geral da FNP podem participar de algumas atividades do evento.