03/12/15

Desastre em Mariana é lembrado durante reuniões na COP 21

Paulo Oliveira/FNP Prefeitos brasileiros participam de evento internacional, em Paris Prefeitos brasileiros participam de evento internacional, em Paris

“Nós precisamos pensar na cidade como um todo, como um futuro. Agora é a hora de dar o primeiro passo”. A frase do prefeito de Mariana (MG), Duarte Júnior, vice-presidente de Desastres Ambientais da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), resume um dos propósitos do governante na viagem a Paris (França), para a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21). O prefeito foi a Paris por meio de uma parceria da FNP com o Fundo Mundial para o Desenvolvimento das Cidades (FMDV).

Duarte Júnior participou nesta quinta-feira (3) de uma série de reuniões com outros prefeitos da delegação brasileira, em busca de representatividade na construção de um posicionamento quanto às questões ambientais e busca por apoio técnico e investimentos para a cidade de Mariana.

A comitiva de governantes locais brasileiros em Paris é composta por prefeito Marcio Lacerda (Belo Horizonte/MG), presidente da FNP; Eduardo Paes (Rio de Janeiro/RJ), vice-presidente de Relações com o Congresso Nacional; Carlos Amastha (Palmas/TO), vice-presidente Estadual de Tocantins; e Antônio Luiz Carvalho Gomes (Itu/SP) e a vice-prefeita de São Paulo (SP), Nádia Campeão.

Durante as reuniões de hoje, os prefeitos divulgaram o posicionamento das cidades brasileiras sobre as mudanças climáticas. Confira o documento na íntegra aqui.

Reunião com instituições internacionais

No primeiro compromisso da manhã, o prefeito Duarte Júnior se reuniu com representantes de diversas instituições internacionais. O objetivo do encontro foi discutir possíveis soluções para o enfrentamento dos desafios relativos ao desastre ambiental e socioeconômico que atingiram os municípios mineiros e capixabas, com o rompimento da barragem Fundão.

Na ocasião, as instituições demonstraram interesse em colaborar. Ficou previamente acordada a instituição de um comitê, que reunirá diferentes instituições a fim de dar prosseguimento para a reconstrução dos municípios. O desdobramento desta proposta se dará no Brasil.

Segundo o prefeito de Mariana, o que ocorreu em novembro, no Brasil, foi uma “tragédia que machuca muito”. Para ele, esse desastre demonstra a necessidade de mudança quanto à preservação ambiental. “Viemos aqui em busca de experiências de diversidade econômica. Aprender com quem já passou por isso”, falou.

Duarte Júnior apontou a importância de um plano de ação mais efetivo para a mineração e falou também de sua vontade de tornar o distrito Bento Rodrigues em um memorial. “Queremos e vamos lutar muito para que lá se torne um memorial em que as pessoas possam fazer suas orações e que possamos entender que precisamos nos relacionar melhor com o meio ambiente”, completou.

Iniciativa dos Governos Locais no combate à adaptação às mudanças climáticas

Agenda proposta pela FNP, em parceria com o ministério do Meio Ambiente e com a Embaixada do Brasil na França, prefeitos apresentaram iniciativas locais de combate e adaptação às mudanças climáticas e de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no âmbito municipal.

Nesse sentido, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, citou o Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS) e o Fórum Vida Urbana, ambos eventos promovidos pela FNP, como iniciativas importantes para discutir sobre adaptação e mitigação dos problemas enfrentados pelos municípios com as mudanças climáticas. “A ideia da reunião é aproveitar os vários quóruns para o dialogo e engajamento dos prefeitos, ainda mais diante da situação que estamos vivendo no município de Mariana, pela questão do desastre ocasionado pela mineradora Samarco”, disse.

Para o presidente da FNP, não apenas o governo brasileiro, mas também autoridades mundiais, como o papa Francisco, que recebeu, em julho deste ano, prefeitos de diversas partes do mundo, reconhecem a importância das cidades para a tomada de decisões globais.
“A conclusão é que mesmo que os governos, a nível global, não alcance os acordos necessários, há muito o quê fazer nas cidades em relação ao problema dos gases de efeito estufa”, disse.

Segundo o prefeito Marcio Lacerda, 60% dos gases de efeito estufa saem das regiões urbanas. “Naturalmente decisões de caráter macroeconômico e de política energética internacional precisam ser tomadas. O Brasil já deu um avanço importante na questão da redução do desmatamento, mas ainda há muito o quê fazer”, concluiu.

O prefeito de Palmas destacou a relevância das cidades de médio porte no processo de urbanização. “No caso específico da América Latina, 80% das pessoas moram nas cidades e desses, 65% estão nas cidades intermédias”, falou.

Confira fotos dessa reunião aqui.

Encontro de prefeitos e prefeitas da América Latina

Representantes de 56 cidades latino americanas, entre eles 28 prefeitos, estiveram reunidos hoje a tarde, no âmbito da COP 21, para consolidar posicionamentos conjuntos e construção de articulações para que a realidade da América Latina esteja representada em instituições e encontros globais.

Segundo Nádia Campeão, a realidade das cidades latino americanas precisa chegar de forma coesa e ter visibilidade. “Todas essas articulações que realizamos nos últimos anos podem fazer com que essa representação seja mais forte”, disse. A vice-prefeita de São Paulo falou, ainda, sobre a Rede Mercocidades, da qual o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, 1º vice-presidente da FNP, acaba de assumir presidência. “Estamos aqui com grande parte da diretoria. A prefeita Mónica Fein (Rosário, na Argentina) que representa justamente a vice-presidência ligada às questões ambientais e mudanças climáticas”, considerou.

Redator: Livia PalmieriEditor: Paula Aguiar
Última modificação em Sábado, 05 de Dezembro de 2015, 19:13
Mais nesta categoria: