Convidados do “Tendência para as Cidades” alertaram para os desastres e prejuízos impostos pelas mudanças climáticas casa não haja mudanças imediatas
Com a maioria da população brasileira vivendo nos centros urbanos, a urgência em enfrentar os desafios impostos pela emergência climática se torna ainda mais premente. As alterações nos padrões de chuvas e o aumento da frequência de eventos climáticos extremos colocam as cidades sob crescente vulnerabilidade. Diante desse cenário, mitigar os danos não é mais suficiente, é necessário pensar em estratégias de adaptação permanentes para os riscos das mudanças climáticas.
O recente webinário promovido pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), no âmbito do Projeto Tendências para as Cidades, destacou a importância de compartilhar estratégias eficazes de preparação e adaptação das cidades às mudanças climáticas. O debate reuniu especialistas e gestores públicos, incluindo o prefeito de Niterói/RJ, Axel Grael, a head de Mudanças Climáticas e Circularidade para Natura&Co América Latina, Fernanda Facchini, e o renomado climatologista e professor da USP, Carlos Nobre.
O prefeito Axel Grael enfatizou a necessidade de uma abordagem abrangente e participativa para enfrentar os desafios climáticos em Niterói. Destacou a criação de uma governança climática local, envolvendo não apenas órgãos governamentais, mas também a sociedade civil e a academia. “Investimentos significativos foram direcionados para obras de infraestrutura, como drenagem e contenção de encostas, após o evento trágico que foi o deslizamento do morro do Bumba, em 2010. Além disso, foram implementadas medidas de preparação e resposta a emergências, incluindo treinamento de voluntários e fortalecimento da Defesa Civil”, disse Grael.
“Diante desse panorama, a preparação e adaptação das cidades brasileiras às mudanças climáticas emergem como um desafio crucial para gestores públicos, empresas e sociedade civil. A implementação de políticas sustentáveis, investimentos em infraestrutura resiliente e a promoção de práticas de mitigação e adaptação são imperativos para garantir um futuro mais seguro e sustentável para todos”, disse o prefeito Axel Grael que é vice-presidente de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da FNP.
O prefeito Axel fez um apelo aos futuros eleitos no próximo pleito eleitoral: que os próximos prefeitos estejam atentos na busca de soluções e implementação de ações que favoreçam o meio ambiente. Além disso, cobrar o Governo Federal que ficou de restabelecer 12 milhões de hectares de área desmatada e ainda está em fase de planejamento”.
Fernanda Facchini ressaltou a urgência de descarbonizar a economia mundial para evitar perdas catastróficas de riqueza e biodiversidade. Ela alertou para o impacto devastador da atividade humana sobre os ecossistemas terrestres e marinhos, enfatizando a necessidade de ações decisivas para mitigar esses efeitos.
O climatologista Carlos Nobre trouxe à tona os alarmantes dados sobre as consequências das mudanças climáticas, destacando eventos recentes como as ondas de calor na Europa e as tragédias no Rio Grande do Sul. Ele alertou para o aumento do risco de epidemias e pandemias devido ao desequilíbrio térmico global, evidenciando a interconexão entre a crise climática e a saúde pública.
“A crise climática no Rio Grande do Sul provocou, até agora, 172 mortes, 56 desaparecidos e 2.345.400 afetados. Foram 469 municípios afetados. A estimativa do governo local é de R$ 10 bilhões de prejuízos”, destacou Nobre.
Sobre um estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais o professor Carlos Nobre disse: “Um estudo do CEMADEN revelou a concentração de populações em áreas de risco de desastres em diferentes regiões do Brasil, destacando a necessidade de medidas preventivas e de adaptação em todo o país. Com projeções alarmantes de aumento de temperatura e mudanças nos padrões de chuva até 2070, é fundamental agir com rapidez e determinação”, disse Nobre.
O climatologista falou sobre a emissão de gases de efeito estufa no Brasil. “Mais de 70% das emissões desses gases no Brasil estão relacionadas ao desmatamento. Cerca de 20% estão em queima de combustíveis fósseis. Esse impacto no mundo gera, por ano, 7 milhões mortes. E grande parte dessas mortes é na área urbana” destacou.