17/07/20

Reunião virtual de prefeitas suecas e brasileiros evidencia diferenças no enfrentamento à COVID-19

Comunicação articulada e cooperação entre todos os níveis de governo foram pontos-chave no combate à pandemia do novo coronavírus na Suécia, segundo destacaram governantes locais do país europeu durante a live "FNP Conectando Cidades para enfrentar a COVID-19". Promovida pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) nesta sexta-feira, 17, a conferência digital contou também com a participação dos prefeitos brasileiros de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, e de Barueri, Nelson Furlan, e foi marcada pela importância do compartilhamento de experiências no enfrentamento à doença.

Conhecida por ter adotado um polêmico modelo de isolamento, com foco de proteção apenas nas pessoas mais idosas e de grupos de risco, sem fechamento do comércio e outras medidas de lockdown, a Suécia registra, segundo dados dessa terça-feira, 14, 76.001 casos e 5.545 óbitos. Apesar de os números configurarem os mais altos da região da Escandinávia, composta pela Dinamarca, Finlândia e Noruega, o país tem mantido a defesa da medida.

De acordo com a prefeita de Sala, Carola Gunnarsson, que também é 1ª vice-presidente da Associação Sueca de Autoridades e Regiões Locais (SALAR) e vice-presidente da organização Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU), a postura dos cidadãos em relação às deliberações do governo foram fundamentais para conter o avanço do vírus. “A confiança da população nos líderes governamentais é a razão principal do país ter agido por meio de recomendações, e não de legislações”, destacou.

Carola Gunnarsson também ressaltou que, diferente do Brasil, na Suécia é mais fácil cumprir o isolamento, já que as cidades são menores e distantes entre si. “Como temos muitos idosos, foi proibida a visita às casas de repouso. Além disso, estão proibidos eventos desportivos e culturais e está limitado a 50 o número máximo de pessoas a se reunirem em qualquer lugar”, completou.

Para a 2ª vice-presidente do Conselho Executivo da Região de Östergötland e presidente do Comitê de Assistência à Saúde da SALAR, Marie Morell, a comunicação eficiente com os cidadãos, de fato, tem sido decisiva no cenário da pandemia. Ainda de acordo com a representante sueca, as estratégias em consonância com as determinações da ciência e da medicina também foram cruciais.

“Se pudéssemos voltar e mudar alguma coisa, seria antecipar o acesso aos equipamentos de segurança (EPIs) e aos testes para detecção da doença, que também poderiam ter sido feitos em uma parcela maior da população”, considera. Nesse sentido, Morell voltou a reafirmar a importância de uma comunicação clara. “Talvez tivéssemos ainda melhores resultados se mais informações tivessem chegado a mais pessoas, em todos os idiomas”.

De acordo com Morell, atualmente, o país não enfrenta problemas de escassez de EPIs ou testes. O aumento no número de casos se dá entre os mais jovens, que voltaram às ruas em razão das férias de verão, mas está dentro do esperado e com garantia de atendimento na rede de saúde.

NO BRASIL

Se na Suécia a cooperação entre os níveis de governo é motivo de orgulho no enfrentamento ao novo coronavírus, no Brasil é diferente. “Os prefeitos têm agido de forma isolada e não há nenhum tipo de liderança do presidente da República. Se avaliarmos, vamos notar que as medidas são bem parecidas nos dois países, mas aqui não há articulação do presidente com os prefeitos e governadores. Se tivesse, não teríamos essa quantidade de casos e mortes”, declarou o prefeito de Barueri, Nelson Furlan.

Segundo Furlan, o município, que integra a Região Metropolitana de São Paulo, é o retrato das médias e grandes cidades brasileiras. “Recebemos pacientes de toda a região em busca do sistema de saúde”, disse.

Cenário semelhante também é verificado em Ponta Grossa, no Paraná, conforme destacou o prefeito Marcelo Rangel. Além de fortalecer o sistema de saúde para o atendimento aos pacientes, é importante que também se atue no monitoramento dos possíveis infectados. “Aqui no município a nossa bandeira tem sido comunicação, transparência nos atos. Foi com essa postura que conseguimos mudar hábitos e engajar a população. Agimos desde antes do primeiro caso. Isso nos permitiu manter o comércio aberto, mas com muita conscientização”, disse o prefeito.

Esta foi a 17ª edição da live "FNP Conectando Cidades para enfrentar a COVID-19" e está disponível na fanpage da FNP

Redator: Bruna LimaEditor: Paula Aguiar
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