A 12ª rodada de conversas proposta pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para debater os desafios e os encaminhamentos adotados pelas cidades brasileiras e estrangeiras no enfrentamento ao novo coronavírus ouviu nesta quarta-feira, 10, a experiência do Equador. A vivência foi apresentada pelos prefeitos de Paute, Raúl Delgado, e de Cuenca, Pedro Palacios Ullauri. Já a realidade do Brasil foi dividida pela prefeita de Mossoró/RN, Rosalba Ciarlini, e pelo prefeito de Macapá/AP, Clécio Luís.
No começo de abril, imagens com corpos nas ruas do Equador percorreram o mundo e chamaram a atenção para o colapso dos serviços funerários no país. Segundo o prefeito de Cuenca, no entanto, essa realidade foi vivida em duas cidades e não foi replicada nos outros municípios, que conseguiram atuar para diminuir o número de infectados e conter, inclusive, um possível colapso no sistema de saúde.
A cidade de Cuenca se prepara agora para avançar na flexibilização das medidas de isolamento. Para Pedro Palacios Ullauri, o desafio da retomada das atividades será para isolar o vírus das pessoas. “Estamos agora em um momento de contenção. Trabalhamos para fazer com que a sociedade entenda a importância do isolamento social, mas nós sabemos que é importante também trabalhar com a questão da sustentabilidade econômica. Então, é importante que as pessoas saiam de casa para trabalhar”, afirmou.
Ao comentar o assunto, o prefeito de Paute destacou as dificuldades enfrentadas pelos governantes locais que, diante da pandemia, tiveram que assumir papeis que não correspondiam a suas atribuições, como o fato de cuidar da saúde pública, que no Equador é de responsabilidade do estado. "Nós tivemos que trabalhar com um nível de falta de recursos muito elevado. Mas, como prefeitos, não poderíamos virar as costas para nossa população", pontuou Raúl Delgado, que preside ainda a Associação de Municípios Equatorianos.
Assim como em Cuenca, Paute também está na fase de reativação da economia, o que tem exigido um planejamento específico das prefeituras. Em paralelo a esse estágio, Raúl Delgado aponta que vários atos de corrupção têm sido denunciados no país, fato que o prefeito classificou como “uma segunda pandemia, pandemia da corrupção que impacta diretamente os cidadãos".
Para Clécio Luís, que também é vice-presidente de Transferências Voluntárias da FNP, a batalha contra a pandemia seria mais eficiente se todas as esferas de governo de um país tivessem o mesmo propósito. "No Brasil, nós temos também que enfrentar, junto com a pandemia, que por si só já seria grave, essa falta de coesão entre o governo federal e os governos estaduais e municipais.”
A falta de entrosamento na política e, consequentemente, na implementação de ações públicas de combate ao novo coronavírus foi rechaçada pela prefeita Rosalba Ciarlini. "Se não estivermos unidos, trocando ideias, somando esforços, quem vai perder é a população, é a nossa cidade."
Pedro Ullauri concordou com a observação da governante brasileira. “Nós, como prefeitos, deveríamos ir além dos nossos partidos, das nossas crenças e das nossas ideologias. Principalmente, em uma situação como essa, em que deveríamos esquecer de tudo isso e simplesmente trabalhar em prol do cidadão de forma mais pragmática, exercendo o verdadeiro trabalho de diálogo.