A nona rodada de conversas internacionais promovidas pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para compartilhar ações de enfrentamento ao novo coronavírus debateu nesta sexta-feira, 29, a experiência mexicana. Os detalhes sobre a política de combate adotada pelo país foram apresentados pelas prefeitas de Puebla, Claudia Rivera Vivanco; de Los Cabos, Armida Castro Guzman; e de Acapulco, Adela Román Ocampo. As informações foram discutidas com prefeitos brasileiros de Maceió (AL), Rui Palmeira, e de Santana de Parnaíba (SP), Elvis Cezar.
Com 81,4 mil casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e pouco mais de 9 mil mortes, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, o México se prepara para a reabertura gradual da economia a partir do dia 1º de junho. No início de abril, no entanto, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ipsos chegou a apontar o governo do país como um dos detentores das piores gestões de crise durante a pandemia, título dividido com a Venezuela e o Brasil, que registra mais de 438 mil casos da doença e 26,7 mil mortes.
As prefeitas participantes da live, porém, discordam da avaliação. “Temos muitas coisas em comum, como latinos. Apesar de termos governos que atualmente divergem de seus posicionamentos, nosso presidente Obrador é alguém muito comprometido com a instauração de políticas sociais, sobretudo para a saúde”, afirmou a prefeita de Acapulco sobre a participação do presidente Mexicano, Andrés Manuel López Obrador, no combate à covid-19.
De acordo com as gestoras municipais, o posicionamento e as diretrizes implementadas pelo governo central foram decisivos para controlar os impactos da doença e conceder assistência adequada às pessoas, sobretudo as que estão em situação mais vulneráveis. “Graças ao nosso governo, que sempre buscou trabalhar economizando fundos, tivemos como estabelecer medidas cabíveis para que a população ficasse em casa”, ponderou Armida Guzman.
Situação diferente tem sido vivenciada pelos prefeitos brasileiros, lembrou Rui Palmeira, que também atua como vice-presidente de Relações com Fóruns e Redes da FNP. “Fico feliz em saber que no México o governo central tem trabalhado de forma conjunta com estados e municípios. Infelizmente, nem sempre a gente tem esse privilégio aqui no Brasil.”
A análise foi partilhada pelo prefeito de Santana de Parnaíba e vice-presidente de Empreendedor Individual, Emprego e Renda da FNP. Localizada na Região Metropolitana de São Paulo (SP), a cidade registrou o oitavo caso do novo coronavírus no Brasil.
“O Brasil enfrenta uma distorção de posicionamentos, em que o presidente da República entende que não deveríamos ter feito o isolamento social e a maioria das pessoas do mundo entende que o único remédio que tínhamos é o isolamento social. Portanto, para todos os prefeitos do Brasil foi muito difícil lidar com essa guerra de posicionamento”, avaliou Elvis Cezar.
A partir do direcionamento central, os municípios mexicanos se organizaram para adaptar as orientações conforme as necessidades locais. Nesse processo, as prefeituras incluíram a participação direta da comunidade e de representantes de empresas, além dos serviços públicos. A construção coletiva resultou em protocolos de atuação municipais e de outros mecanismos de suporte às pessoas mais expostas aos efeitos da crise, como idosos, desempregados e mulheres vítimas de violência doméstica.
Para Claudia Rivera Vivanco, o engajamento de todos os atores da sociedade é essencial para mitigar as consequências da pandemia. “Para sair ou resolver essa contingência, é fundamental que tenhamos uma verdadeira coordenação entre as esferas. E a coordenação não é somente entre o nível governamental, mas também entre os cidadãos. Eles devem participar para que tenhamos como estabelecer um modelo adequado que obedeça e respeite as características de cada região, de cada município e também a forma de trabalhar de cada um”, acrescentou.
Redator: Roberta Paola
Editor: Bruna Lima