Um estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, revelou que aproximadamente 36 mil americanos poderiam ter sido salvos se o país tivesse adiantado em uma semana a adoção de medidas de distanciamento social durante a pandemia de covid-19. Reunidos em um encontro virtual promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), nesta quarta-feira, 27, os prefeitos de Vitória (ES), Luciano Rezende, vice-presidente de Relações Internacionais da FNP; de Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto, 2º Secretário Nacional da entidade; de Miami, Francis Suarez, e o vice-prefeito de Segurança Pública de Los Angeles, Jeff Gorrell, ressaltaram a importância do discurso unificado entre os governantes para reduzir os impactos causados pelo novo coronavírus.
Com condições sociais e econômicas bastante diferentes, os dois países têm em comum a postura de seus líderes, que, desde o início da pandemia, minimizam os efeitos sociais da crise.
Nesse contexto, o prefeito de Miami ressaltou a autonomia dos municípios, competência que permitiu às cidades adiantar medidas necessárias para o contingenciamento do vírus. “Uma coisa que deu muito certo, em termos de coordenação e cooperação, é que nós tínhamos a liberdade de tomar nossas decisões. E, da minha perspectiva, isso salvou vidas. A falta de coordenação, algumas vezes, foi bastante frustrante.”
Em Los Angeles, Gorrell informou que a atuação da prefeitura foi feita em duas frentes: uma para conscientizar a população e outra para criar uma cultura de confiança e respeito aos protocolos. “Todos foram atingidos no mundo e isso fez com que nós não pudéssemos esperar pela ajuda externa, precisávamos nos virar. E, com certeza, houve certa falta de governança em algum momento entre os níveis de governo aqui nos Estados Unidos também. Em alguns momentos, essas relações estiveram desconectadas e foram muito desafiadoras”, pontuou.
Para o prefeito Arthur Virgílio, a falta de entrosamento entre os entes foi uma barreira que atrapalhou a efetividade do isolamento social, considerada pelo gestor como a principal arma de enfrentamento ao novo coronavírus. “Aqui, tivemos uma contradição muito grande. Havia o desejo do governador e o meu de fazermos o isolamento social e uma pregação incessante do presidente da República contra o isolamento.”
Segundo o prefeito, o contrassenso agora é vivido no âmbito do estado. Isso porque o governador deve reabrir o comércio no dia 1º de junho, medida que o prefeito avalia como prematura. “Manaus, se fosse uma realidade isolada, estaria controlada, mas o interior do Amazonas é desvalido, praticamente não tem assistência médica conveniente. E tem as populações tradicionais, as populações indígenas que correm efetivo perigo. Eu temo que não só se aprofunde a crise no interior do estado e entre os povos tradicionais, como eu temo que nós, em Manaus, soframos uma segunda onda, que poderá ser mais grave que a primeira”, afirmou Virgílio.
Na avaliação do prefeito Luciano Rezende, o debate organizado pela FNP evidenciou o desafio que muitos países enfrentam para coordenar as ações de combate à maior urgência sanitária dos últimos cem anos. “A disseminação dessa pandemia é uma realidade que impacta a saúde e também a economia do mundo inteiro. E nós vamos ter que cuidar das duas coisas ao mesmo tempo”, enfatizou o vice-prefeito de Relações Internacionais da FNP.
Apoio financeiro
Enquanto os governantes brasileiros aguardam a sanção do PLP 39/2020, que pode repassar o auxílio emergencial de R$ 60 bilhões a estados e municípios, a Câmara dos Deputados norte-americana deve aprovar em breve uma segunda rodada de apoio monetário, agora no valor de U$ 350 bilhões para ajudar as cidades.
A informação foi apresentada pelo prefeito de Miami, que já recebeu U$ 3,2 milhões do governo federal no primeiro bloco de suporte financeiro. O recurso, explicou Suarez, foi usado para fortalecer os serviços de assistência social e empréstimos a pequenas empresas.
O suporte social também foi a área priorizada pela prefeitura de Los Angeles, pontuou Gorell. “Nós também recebemos uma grande soma de recurso, aproximadamente U$ 780 milhões de suporte, que usamos para empréstimos, para gerar teste e abrigo para pessoas desabrigadas”. Com 3,99 milhões de habitantes, a cidade é reconhecida como a segunda maior do país.
Proibição de entrada de brasileiros
A partir desta sexta-feira, 29, os Estados Unidos irão proibir a entrada de pessoas vindas do Brasil, devido à escalada de casos do novo coronavírus registrada no país. Para Francis Suarez, a medida é temporária e pode beneficiar os dois países nas ações de mitigação à doença. “Todos se beneficiam se nós proibirmos os voos entre pontos com muitos casos de covid-19. Além disso, isso é temporário. E, em um segundo ponto, essa medida nos permite focar em nossas questões internas ao invés de questões internas e externas.”
Redator: Roberta Paola
Editor: Bruna Lima