Seminário virtual nesta quarta, 8, reuniu representantes de diversos países para discutir os rumos dos serviços de transporte público após o coronavírus
Como melhorar a mobilidade urbana dentro das cidades diante da pandemia? Essa e outras perguntas sobre o tema foram tratadas em uma reunião liderada pelas entidades Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG, em sua sigla em inglês), Metrópolis e Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UM-Habitat), nesta quarta-feira, 8.
Representantes das organizações debateram sobre a importância de se ter um sistema de transporte público que funcione bem e que acolha as necessidades da população durante a crise enfrentada em todo o planeta. O consenso foi sobre como o setor é essencial para a economia e para a sociedade. “É importante que os serviços públicos continuem ‘funcionando’”, reforçou a secretária-executiva da CGLU, Emilia Saiz.
O representante da Indonésia, o governador Ridwan Kamil, relatou que o país vem adotando medidas mais duras no setor. Isso se deu após o número de casos saltar de zero, no início de março, para 1,4 mil até o fim do mesmo mês. Na França, o relato foi que, até 31 de março, o número de usuários de transportes públicos caiu 90%. O país também tomou medidas drásticas quanto à quarentena, aplicando multas a quem sair de casa sem necessidade, por exemplo.
Em uma enquete promovida durante o encontro – totalmente virtual –, os participantes listaram os maiores desafios neste período emergencial. Entre as preocupações, estão segurança dos empregados, finanças, acessibilidade e o transporte público.
Os representantes também revelaram os meios de transporte mais usados antes da pandemia. O carro apareceu como o meio mais popular (52%), seguido do transporte público (27%), caminhada (17%) e bicicleta (4%). Após a pandemia, houve mudanças na rotina da população – enquanto a saída do carro caiu para 41%, o número de usuários de bicicleta subiu para 10% e o de transporte público para 32%.
Números no Brasil
A pauta vem após o pedido de investimento de R$ 2,5 bilhões por mês no setor, para que as cidades possam equilibrar o sistema e enfrentar a crise em decorrência da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. No último dia 2, a FNP enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro explicando que o sistema está atuando com cerca de 20% da demanda e 60% de operação.
O montante ajudaria com a compra antecipada de créditos de passagem para beneficiários de programas sociais por meio do Programa Emergencial Transporte Social do governo federal. O valor, segundo a FNP, seria uma forma de garantir o equilíbrio para o sistema e subsidiar as passagens.
Na última semana, o governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Regional e Urbano, respondeu que “senão chegar a esse montante [R$ 2,5 bi] integral, pelo menos nesses meses de pico, a gente vê se avança com algum aporte”.
O pedido do suporte se justifica porque, até março deste ano, o faturamento do setor de transportes era de R$ 3,5 bilhões/mês. Após a pandemia, houve queda de 80% de usuários pagantes e 25% na prestação de serviços em cidades com mais de 500 mil habitantes, segundo dados do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana. Com isso, a conta não fecha, já que a arrecadação de receita do setor passou a ser de R$ 700 milhões para custear mais de R$ 3 bilhões mensais.
Jalila Arabi