Pesquisa feita com representantes de associações de municípios de países como EUA, Espanha, Alemanha e Argentina demonstra unidade no enfrentamento ao coronavírus
Levantamento da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) identifica que, neste momento, apenas no Brasil existem divergências nas tomadas de decisão com relação à COVID-19. Em contato com associações de municípios de outros países, a área de Relações Internacionais da entidade descobriu que o presidente Jair Bolsonaro é a única autoridade máxima que está na contramão das medidas adotadas por prefeitos e governadores.
A pesquisa foi feita com representantes dos Estados Unidos, México, Argentina, Letônia, Holanda, Alemanha, Espanha, Marrocos, países do Leste Europeu, Marrocos, Turquia e Moçambique. O Capacity and Institution Building (CIB), um grupo de trabalho da CGLU, entidade que reúne cidades e associações nacionais de municípios, foi uma das fontes de informação da FNP. Também foram consultadas organizações como a United States Conference of Mayors (EUA); Associação Nacional dos Municípios de Moçambique; VNG International (Holanda) e a prefeitura da Cidade do México.
De acordo com o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, pode-se observar que nos países, em geral, existe uma convergência entre o governo central e os subnacionais, sejam federados ou não. “E é isso o que os prefeitos querem no Brasil, tanto que desde a primeira videoconferência, com o ministro da Saúde e Bolsonaro, pedem pela instituição de um Comitê Interfederativo de Gestão de Crise, para desenvolverem ações coordenadas e compatíveis com a fotografia do momento”, afirmou.
Os representantes dos EUA destacaram que a posição oficial do governo “é estender a ordem de ‘fique em casa’ até 30 de abril”. Marrocos levará o isolamento pelo menos até o dia 20, medida articulada com autoridades nacionais, regionais, locais, civis e militares e sociedade civil. Assim como Alemanha, Letônia, Holanda e países do Leste Europeu, que afirmaram que todos os níveis de governança estão trabalhando em conjunto.
Na Holanda, os governos locais têm trabalhado em conjunto com o governo nacional para enfrentar a crise. “Alguns governantes locais têm pedido regras mais rígidas para o governo nacional e a maioria tem sido atendida. Estamos tristes em conhecer a realidade do Brasil”, afirmou um dos interlocutores.
O representante do México contou sobre “movimentações nas redes sociais, sensibilizando pela necessidade de endurecimento das medidas [restritivas]”. Argentina relata ruas vazias, com uma quarentena obrigatória orientada pela presidência.
Os dirigentes da Turquia falaram da restrição na mobilidade e da proibição de pessoas com mais de 65 anos de saírem às ruas. Em Moçambique, que ainda registra poucos casos, o isolamento e a quarentena ainda são opcionais, mas já recomendados.