Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra o tamanho do transtorno de quem trabalha longe de sua moradia na Região Metropolitana do Rio. Segundo os dados do estudo, em 2013, o tempo médio que um morador levava no trajeto casa-trabalho-casa era de 141 minutos diários, 11 a mais que no levantamento de 2011. Já na cidade do Rio, a demora é quase a mesma: 134 minutos, 10 a mais que 2011.
Para o gerente de Estudos de Infraestrutura do Sistema Firjan, Riley Rodrigues, a proximidade entre o tempo de deslocamento casa-trabalho para moradores do Rio e de municípios vizinhos é explicada pela distância entre os polos de atração econômica (Centro e Zona Sul) e as regiões com grande contingente de mão de obra, como as Zonas Norte e Oeste. “As pessoas têm de sair de Santa Cruz, Bangu, Irajá, Fazenda Botafogo, e vêm todas para o Centro e a Zona Sul. Todas fazem um longo trajeto”, explica Rodrigues.
Ainda segundo Riley, a realização de obras viárias para a Olimpíada impactou os deslocamentos da Região Metropolitana, principalmente em relação à análise de 2011.
A Firjan também estimou a perda financeira ocasionada pelo tempo gasto nesses trajetos na Região Metropolitana, usando variáveis como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e tempo médio de viagem. A quantia em 2013 chegou a R$ 24 bilhões. A cidade do Rio é a que mais perdeu na região: R$ 16,6 bilhões ao todo.
Seropédica foi a cidade que teve o maior aumento do tempo perdido no percurso: 10,5% (de 141 minutos para 156 minutos). Já os trabalhadores de Japeri amargaram o maior tempo dentro dos transportes a caminho do trabalho. Foram, em média, 186 minutos por dia, mais de três horas somando ida e volta.
Para Riley, a solução a longo prazo, além do aumento da capilaridade da rede de transportes coletivos, passa pelo desenvolvimento econômico das regiões vizinhas, o que estimularia seus trabalhadores a ficarem perto de casa. “O reordenamento urbano é a única coisa com resultado de longo prazo. Mas, a curto prazo, você precisa reestruturar sua engenharia de tráfego. E, em médio prazo, da construção de infraestrutura de transportes. Temos que ampliar a rede de metrô. Não apenas esticar. É imprescindível construir o traçado original da Linha 2, que passa pela Carioca e termina na Praça Quinze”.
Já o engenheiro de transportes e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), José Eugênio Leal, considera que o aumento do tempo de deslocamento entre os dois anos pode ser consequência do aquecimento da economia e da alta das vendas de automóveis.
“Boa parte dessas pessoas que foram incorporadas poderia estar morando na periferia. É mais gente viajando de mais longe”, observou Leal.