A Câmara Municipal de Poços de Caldas/MG aprovou este mês, por maioria dos votos, uma moção de solidariedade aos 10 médicos cubanos, integrantes do programa federal Mais Médicos para o Brasil, que atuam na região. A medida foi tomada após uma ação popular proposta contra a contratação desses profissionais.
Segundo o autor da moção, o vereador Paulo Tadeu da Silva, no município de Poços de Caldas o reconhecimento público aos profissionais do Programa de Saúde da Família é consensual, “cujo trabalho constitui um dos pilares mais importantes da política municipal de Saúde”. Conforme a ação popular contra os médicos cubanos, a intenção do governo federal com o programa Mais Médicos é “criar um mecanismo para ajudar financeiramente o déspota governo cubano, trazendo profissionais de baixa formação acadêmica e sem conhecimento e técnica para o pleno exercício da área médica”.
Em 2012, a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, reconheceu e elogiou o modelo sanitário de Cuba e destacou a qualidade do trabalho que realizam os profissionais de saúde e os cientistas cubanos, e felicitou as autoridades cubanas por colocar o ser humano no centro da sua atenção. Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em visita à Escola Latino Americana de Medicina (ELAM), disse que os médicos formados em Cuba salvaram ou melhoraram a visão de milhões de pessoas em dezenas de países. “Estou muito orgulhoso de ver isso com os meus próprios olhos e agradeço a vocês, cubanos, por compartilharem isso com o mundo”, frisou.
Mais Médicos
O programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, que prevê mais investimentos em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais.
Atualmente, o Mais Médicos conta com um total 18.240 vagas em 4.058 municípios de todo o país, cobrindo 73% das cidades brasileiras e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Com a expansão do programa em 2015, o governo federal vem garantindo assistência para aproximadamente 63 milhões de pessoas.
A meta federal é criar 11,5 mil novas vagas de graduação e 12,4 mil vagas de residência até 2017. Destas, já foram autorizadas mais de 5 mil vagas de graduação e quase 5 mil de residência. São investidos mais de R$ 5 bilhões para o financiamento de 26 mil obras em quase 5 mil municípios, das quais aproximadamente 10,5 mil já estão prontas e outras 10 mil encontram-se em fase de execução.
Cadê o Médico?
A necessidade de mais profissionais de saúde foi evidenciada pela campanha "Cadê o Médico?", promovida pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em 2013. A iniciativa demonstrou a carência generalizada de profissionais nos municípios brasileiros, em especial no interior e na periferia das grandes cidades, e, com uma coleta de assinaturas, resultou na criação do Programa Mais Médicos para o Brasil.