Prefeitos e prefeitas de cidades exportadoras para os EUA articulam medidas para evitar desemprego e queda na arrecadação
Prefeitos e prefeitas de cidades com elevados valores de exportações para os Estados Unidos e afetadas por sobretaxas, reuniram-se na manhã desta segunda-feira (4/8) para discutir os impactos das novas tarifas governo norte-americano sobre a economia local e articular propostas para a mitigação dos reflexos para os cidadãos.
Como encaminhamento da reunião, a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) solicitou reuniões com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e com o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante. Os governantes locais estão preocupados, em especial, com a possibilidade de férias coletivas que alguns setores já anunciam, com o desemprego e a perda de renda. Além disso, os possíveis reflexos na queda da arrecadação própria e nas transferências, especialmente do ICMS, estiveram em pauta.
A entidade também manterá diálogo com a United States Conference of Mayors (USCM), entidade homóloga nos Estados Unidos, para construir alternativas na tentativa de sensibilizar os governos centrais para manter os canais de negociação abertos, diminuindo os impactos na população das cidades. A prefeita Margarida Salomão, de Juiz de Fora/MG, secretária-geral da FNP, destacou “a importância de abrir um canal de diálogo com a entidade parceira da FNP nos EUA, a USCM, para enfrentar esse desafio”.
Levantamento da FNP aponta que cidades do Vale do Rio São Francisco, do Paraná, Minas Gerais e do Espírito Santo estão entre as mais vulneráveis. Nessas regiões, há risco de fechamento de fábricas, demissões em massa e colapso de cadeias produtivas inteiras.
Simão Durando, prefeito de Petrolina/PE e vice-presidente de Fruticultura Irrigada da FNP, destacou que cerca de 70% da produção de frutas da cidade é exportada para os EUA, gerando US$ 86 milhões por ano em receitas. “O mercado interno não tem capacidade para absorver essa produção, e um terço da população de Petrolina depende dessa cadeia produtiva”, alertou.
Além de Petrolina, Santo André/SP, Campinas/SP, Contagem/MG, Cachoeiro do Itapemirim/ES e Joinville/SC já registram efeitos negativos, como férias coletivas em empresas exportadoras nos setores metalmecânico, borracha, moveleiro e rochas ornamentais.
Entre os pleitos dos governantes estão:
- Compensação financeira por eventuais perdas na arrecadação municipal;
- Diversificação da matriz produtiva, com incentivo ao desenvolvimento de novas atividades econômicas e novos mercados;
- Ampliação dos prazos de crédito rural por parte dos bancos públicos;
- Plano de proteção dos empregos das atividades afetadas nos moldes do que foi feito durante a pandemia da Covid-19.
Dados divulgados recentemente pela Amcham-Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) revelam que cerca de 10 mil empresas brasileiras serão afetadas pelas novas tarifas. Essas companhias respondem por mais de 3 milhões de empregos diretos, o que evidencia a urgência de medidas coordenadas para evitar impactos mais severos nas economias locais.
Participaram da reunião os prefeitos de Belém/PA, Igor Normando; de Campinas/SP, Dário Saadi; de Contagem/MG, Marilia Campos; de Joinville/SC, Adriano Silva; de Juazeiro/BA, Andrei Gonçalves; de Juiz de Fora/MG, Margarida Salomão; de Petrolina/PE, Simão Durando; de Petrópolis/RJ, Hingo Hammes, de Piracicaba/SP, Helinho Zanatta; de Ribeirão Preto/SP, Ricardo Silva; de Santo André/SP, Gilvan Ferreira; de Sapiranga/RS, Carina Nath, de Guaxupé/MG, Jarbinhas; de São Bento do Sul/SC, Tomazini; de Vinhedo/SP, Dario Pacheco; de Cachoeiro de Itapemirim/ES, Theodorico Ferraço; e de São Carlos/SP, Netto Donatto.