Municípios brasileiros levaram ao Azerbaijão suas boas práticas mitigatórias em relação as questões climáticas
Durante a COP29, no Azerbaijão, o Pavilhão Brasil recebe hoje, 16, um painel organizado pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), destacando o papel transformador dos municípios no combate às mudanças climáticas. Sob o tema “Experiências locais: exemplos de boas práticas no combate às mudanças climáticas”, o evento busca inspirar e replicar iniciativas que fizeram a diferença no cenário global.
A programação inclui apresentações de cidades brasileiras como Goiânia/GO, Paragominas/PA, Santo André/SP e São Paulo/SP, abordando temas como mobilidade sustentável, eficiência energética, gestão de resíduos e adaptação a eventos extremos. Além disso, uma mesa redonda discutiu desafios como financiamento e apoio legislativo, essenciais para ampliar o impacto dessas ações.
Moderado por Daniel Miranda, coordenador de Relações Institucionais e Projetos da FNP, o painel contou com figuras como Katia Maria dos Santos, vereadora de Goiânia; Amanda Alves Oliveira Purger, secretária municipal do Verde e do Meio Ambiente de Paragominas/PA; Edinilson Ferreira dos Santos, superintendente do Serviço Municipal de Saneamento de Santo André/SP e José Renato Nalini, secretário de mudanças climáticas de São Paulo, trazendo à tona estratégias que reforçam a governança local e promovem a cooperação regional. A proposta final é uma síntese de recomendações para implementação de boas práticas climáticas em maior escala.
Goiânia
“O rio Meia Ponte é uma riqueza natural de Goiás, mas infelizmente enfrentou um histórico de poluição e degradação. Ele corta 39 municípios do estado de Goiás. Nosso projeto tem o objetivo de mudar essa realidade, revitalizando o rio e devolvendo sua saúde ambiental. Estamos trabalhando no saneamento básico ao longo de sua extensão, combatendo o desperdício irregular de resíduos e promovendo ações de educação ambiental junto às comunidades ribeirinhas. Acreditamos que cuidar do Meia Ponte é cuidar das pessoas, já que o rio é uma fonte vital para o abastecimento de água e para a preservação da biodiversidade local. Sabemos que os desafios são grandes, mas este projeto é uma oportunidade de unir esforços entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil para criar um legado de sustentabilidade para as próximas gerações”, frisou Katia Maria dos Santos, destacando alguns números: foram retirados até o momento 253 toneladas de lixo do rio; 473 pneus; 1800 mudas nativas plantadas ao longo das margens; 3 mil pessoas envolvidas em estações ambientais; 850 jogos educartivos entregues; 150 voluntários e 57 escolas participantes do projeto de reestruturação e limpeza do rio Meia Ponte.
Paragominas
Amanda Alves Oliveira Purger, secretária municipal do Verde e do Meio Ambiente de Paragominas/PA, falou sobre o pioneirismo na questão ambiental, assumindo compromissos muito sérios no caso de desmatamento ilegal.
“Em Paragominas, enfrentamos um grande desafio ambiental: 78% das nossas emissões de gases de efeito estufa vêm do desmatamento ilegal e da manipulação florestal, enquanto outros 16% vêm da agropecuária. Para mudar essa realidade, criamos e transformamos em lei o Programa Paragoclima , um marco na nossa política ambiental. Nosso objetivo é descarbonizar o município e alcançar a neutralidade climática até 2030. O Paragoclima atua em várias frentes, como o fortalecimento da fiscalização ambiental, o incentivo a práticas agrícolas sustentáveis e a recuperação de áreas degradadas. Além disso, estamos promovendo um amplo diálogo com os produtores rurais e a sociedade para conscientizar e envolver todos nessa missão. Paragominas quer ser uma referência na Amazônia, provando que é possível conciliar desenvolvimento econômico com conservação ambiental. Este é um compromisso com o futuro e com as próximas gerações”, destacou Amanda Alves Purger.
Santo André
“O programa Moeda Verde tem mostrado que soluções simples e acessíveis podem gerar grandes impactos nas comunidades. Com ele, conseguimos mobilizar as pessoas para cuidarem do meio ambiente ao mesmo tempo em que fortalecemos a segurança alimentar. A troca de recicláveis por alimentos frescos é uma forma de conectar sustentabilidade e inclusão social. Além disso, o custo operacional é baixo, porque ganhou com parcerias locais, e os resultados são visíveis: menos resíduos nas ruas, mais comida nas mesas e, acima de tudo, um senso de pertencimento que transforma a relação das pessoas com a cidade e com o meio ambiente. Já atingimos mais de 100 mil pessoas com o Moeda Verde”, disse Edinilson Ferreira, superintendente do Serviço Municipal de Saneamento de Santo André/SP.
São Paulo
O secretário de mudanças climáticas de São Paulo falou sobre o vilão da capital paulista: o trânsito. “São Paulo é uma cidade de extremos, com muita riqueza e muita pobreza coexistindo. Isso amplia nossos desafios, especialmente diante das emergências climáticas que afetam de maneira desproporcional as populações mais vulneráveis. A criação da Secretaria de Mudanças Climáticas, a primeira no Brasil, reflete nosso compromisso em tratar essas questões de maneira sensível e integrada. Hoje, nosso foco é na adaptação e na construção de uma São Paulo resiliente. O maior vilão que enfrentaremos é o transporte. São cerca de 10 milhões de carros transitando diariamente, responsáveis por 61% das emissões de gases de efeito estufa. Para combater isso, temos de trabalhar fortemente na transição para um transporte mais limpo. Nossa frota de ônibus, por exemplo, conta atualmente com 500 veículos elétricos, e muitos outros são movidos a etanol. Ainda há muito a fazer, mas esses passos são fundamentais para reduzir nossas emissões e transformar São Paulo em um modelo de sustentabilidade urbana”, destacou José Renato Nalini.