03/09/24

Nutrição escolar e desenvolvimento econômico local: duas Faces de uma estratégia sustentável

O episódio mais recente da série “Tendências para cidades” debateu o tema "Merenda escolar estimulando o desenvolvimento econômico local". O evento, ocorrido nesta terça-feira, 3 de setembro, focou em como os programas de alimentação escolar podem impulsionar a economia local ao incorporar alimentos produzidos regionalmente, incluindo e priorizando aqueles provenientes da agricultura familiar. Com a participação das palestrantes Maria Alvim Leite, pesquisadora do NUPENS/USP; Fernanda Menezes, responsável técnica da Coordenadoria de Alimentação Escolar da Prefeitura de São Paulo; e Rafaela Vieira, gerente de Políticas Públicas do Pacto Contra a Fome, o encontro buscou fornecer aos futuros gestores municipais percepções valiosas para incluir em seus planos de gestão.

Segurança alimentar, saúde para crianças e adolescentes e agricultura familiar

Maria Alvim Leite iniciou o debate destacando a necessidade de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados devido aos seus efeitos nocivos na saúde humana, sobretudo entre as crianças e adolescentes – que estão entre seus maiores consumidores e são o público-alvo majoritário das políticas de merenda escolar. A pesquisadora destacou medidas e normas jurídicas que tratam do tema no Brasil, além de mencionar o Guia Alimentar para a População Brasileira como um importante documento orientador. Segundo Alvim, a adoção de parcerias com produtores locais, sobretudo da agricultura familiar, pode gerar benefícios duradouros, tanto para a saúde dos alunos quanto para a economia local.
Rafaela Vieira abordou a segurança alimentar e o combate à fome, sobretudo na infância, e destacou a relação entre a educação e a fome, que está ligada à redução do desempenho escolar, menor progressão para os próximos anos escolares e à evasão escolar. A palestrante apontou também o importante papel da escola enquanto lugar de aprendizagem de hábitos alimentares saudáveis, além de destacar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) enquanto exemplos de políticas públicas com impactos no desempenho escolar e em menores índices de obesidade, além do respeito à cultura alimentar local e o aumento na renda média dos agricultores locais.

Colocando em prática: o exemplo de São Paulo

Fernanda Menezes contextualizou a realidade das políticas de alimentação escolar de São Paulo, o maior executor do PNAE do país, com mais de um milhão de alunos e mais de 10 mil cozinheiras escolares. A Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE) do município busca adotar práticas sustentáveis, fortalecer a agricultura familiar gerando emprego e renda, reduzir impactos ambientais promovendo a produção local e o melhor uso dos recursos, incentivar a produção e o consumo de alimentos orgânicos e agroecológicos, promover práticas alimentares saudáveis e combater o desperdício de alimentos. A coordenadora elencou boas práticas do município neste âmbito, destacando também a importância de entender a alimentação escolar não apenas como um serviço prestado pelo município, mas como uma função pedagógica.

Organizada pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos e com o apoio da Comunitas, a série Tendências para as Cidades é composta por webinários que exploram tendências emergentes na gestão municipal. O próximo episódio, agendado para 6 de setembro, às 10h, abordará o tema "As oportunidades das PPPs e Concessões" e será transmitido ao vivo no YouTube.

O Episódio 32 - "Merenda escolar estimulando o desenvolvimento econômico local" - pode ser acessado aqui.

Mais nesta categoria: