A Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) realizou o 16º webinário do Tendências para as Cidades, dedicado a discutir os benefícios e desafios da implementação da educação integral nos municípios brasileiros. O evento focou em estratégias para ampliar o tempo escolar e integrar atividades extracurriculares, visando o desenvolvimento holístico dos estudantes, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 4 - Educação de Qualidade.
- O webinário contou com a participação de especialistas, incluindo Alex Moreira, doutor em Educação pela Universidad Diego Portales e Universidad Alberto Hurtado no Chile; Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec; e João Paulo Cêpa, gerente de Articulação e Advocacy do Movimento pela Base. Cada um dos palestrantes trouxe contribuições para o debate sobre como as cidades brasileiras podem promover uma educação mais completa e integradora.
- Alex Moreira destacou a importância de experiências internacionais na implementação de políticas de educação integral, enfatizando a necessidade de adaptação aos contextos locais e a valorização das culturas regionais. Anna Helena Altenfelder trouxe questões sobre as melhores práticas no envolvimento da comunidade escolar e na articulação entre diferentes atores para o sucesso dessas iniciativas. João Paulo Cêpa abordou estratégias de advocacy e a importância do apoio político e financeiro para sustentar programas de educação integral.
“Os prefeitos e prefeitas precisam firmar compromisso político com a qualidade e a equidade na educação pública. Hoje, o mínimo é termos 50% das escolas públicas em tempo integral, ou seja, 25% dos estudantes da educação básica nesse tipo de educação. A escolha dos secretários de educação é fundamental. Ele (secretário) precisa conhecer o território no qual está inserido, só assim, teremos um plano municipal de educação adequado para cada região”, ressaltou Alex Moreira.
- Segundo os educadores, a educação integral busca não apenas ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola, mas também proporcionar uma formação que contemple aspectos cognitivos, emocionais, culturais e sociais, o que é fundamental não apenas para o desenvolvimento individual dos estudantes, mas também para o fortalecimento das comunidades e para o futuro das cidades.
“Infelizmente, quando falamos de educação hoje, falamos de exclusão. Um olhar que privilegia o ensino técnico e superior ao ensino básico. Não temos, por exemplo, um sistema de educação como temos um sistema de saúde. Isso seria fundamental, especialmente para os municípios”, disse Anna Helena Altenfelder.
- Durante o webinário, foram discutidos casos de sucesso e desafios enfrentados por diferentes municípios brasileiros na implementação de programas de educação integral. A diversidade de experiências apresentadas ressaltou a importância da adaptação local e da aprendizagem contínua para alcançar resultados efetivos.
“Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de educação integral se refere a construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, e com os desafios da sociedade. Isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar formas de existir”, destacou João Paulo Cêpa.
Este webinário da FNP não apenas destacou os avanços e desafios da educação integral, mas também promoveu novas reflexões e ações que podem transformar positivamente o panorama educacional das cidades brasileiras. Esse episódio foi patrocinado pela Fundação Lemann.