Os gestores municipais, prefeitos os responsáveis pelo poder executivo precisam ter a convicção de que a democracia participativa amplia a capacidade de governança das cidades. A avaliação é do secretário Municipal de Relações Governamentais da prefeitura de São Paulo (SP), Alexandre Padilha, que participou nesta quarta-feira (8), do III Encontro dos Municípios com Desenvolvimento Sustentável (EMDS).
A observação foi apresentada durante o debate sobre gestão pública e participação cidadã que contou, ainda, com as presenças do ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini e do secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, Vinicius Wu, entre outras autoridades. O objetivo do encontro foi apontar como a participação cidadã ajuda o governo a formular políticas e iniciativas mais eficientes e eficazes, e a gastar melhor os recursos públicos. Ainda durante o evento, os participantes destacam os desafios na área, que passam principalmente, por propor novos modelos de participação popular.
De acordo com o ex-ministro da Saúde, o país tem como desafio ampliar a democracia participativa, dialogando com movimentos, atores sociais e cidadãos individualmente. “Precisamos inovar e utilizar novos canais para estimular essa participação”, opinou.
O ministro Ricardo Berzoini observou que após a invenção da internet e proliferação das mídias sociais é preciso construir uma nova cultura política para não ficar refém de velhos comportamentos e costumes. “Nós temos um novo padrão de exigência do cidadão internauta em relação à democracia. Os mecanismos tradicionais de representação previstos na nossa Constituição precisam ser combinados cada vez mais velozmente com os mecanismos de participação direta, seja presencial ou digital”, disse. “Na minha opinião, se o parlamento e os governos não se preparem para esse novo tipo de comportamento ficarão alheios ao debate político”, completou.
O secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura também destacou que é preciso repensar os instrumentos de participação existentes hoje. Ele destacou que embora o país tenha ampliado os espaços de diálogo nos últimos 20 anos, ainda atravessa um momento de forte questionamento das instituições democráticas.
“A sociedade civil, em especial após os protestos de 2013, parece questionar fortemente a capacidade do estado de ouvir as vozes das ruas. Esse processo nos impõe a seguinte indagação: qual foi a motivação desse questionamento no momento em que se prolifera mecanismos de participação e diálogo?”.
Na opinião de Vinicius Wu, a motivação para essa crise de representação está relacionada ao descompasso entre o atual modelo de democracia, o funcionamento do estado e a sociedade interconectada do século 21. “Nós gestores públicos subestimamos a dimensão e a extensão da profunda mudança cultural que nós vivemos no campo da comunicação e da informação em tempo real”, informou. “Nós precisamos rever e adequar as nossas estruturas formais de participação da cidadania a essas novas dinâmicas”, completou.
III EMDS – A terceira edição do maior evento sobre sustentabilidade urbana do país segue até esta quinta-feira (9), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF). Esta edição já registra mais de 8,6 mil inscrições.