28/05/24

Tendências para as Cidades debate a atenção primária à saúde

No difícil cenário que a saúde brasileira enfrenta, a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) tem se tornado cada vez mais evidente. Entende-se por APS, o primeiro nível de atenção na área, que se caracteriza por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo, com o objetivo de desenvolver um cuidado integral no bem-estar comunitário.

Em um esforço para debater o acesso a serviços essenciais e a promover a discussão sobre os desafios enfrentados nesse campo, especialistas da saúde se reuniram no webinário Tendências para as Cidades, promovido pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), na última terça-feira de maio (28), o que viabilizou uma troca de experiências sobre a Atenção Básica que pontua desafios, financiamento de serviços de saúde e elaboração de novas estratégias para os municípios.

Participaram do painel, Thais Junqueira, mestre em Educação pela Stanford University e graduada em Administração Pública pela FGV; Renato Tasca, médico sanitarista, formado na Universidade de Turim e na London School of Tropical Medicine and Hygiene do Reino Unido e Nésio Fernandes, médico sanitarista, especialista em Medicina Preventiva e Social e em Administração em Saúde.

A superintendente geral da Umane, Thais Junqueira, associação essa que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública no Brasil, trouxe exemplos da sociedade civil e da filantropia sobre o cenário do bem-estar e desafios no sentido de crescer com qualidade. “Hoje a gente vive um cenário onde as doenças do passado, como a dengue, convivem com as do presente, a exemplo do excesso de peso, obesidade, hipertensão e diabetes, que são responsáveis por grande parte das internações. Isso indica que os hábitos estão mudando, e que isso incide em morte prematuras. Prevenir as doenças crônicas exige um esforço de toda a sociedade, e não só da saúde”, alertou.

Renato Tasca, consultor do Instituto de Estudos de Políticas Públicas (IEPS) e pesquisador associado da FGV- Saúde, pontuou sobre o que pode acontecer com a APS no Sistema Único de Saúde (SUS), em um futuro próximo, pós eleições e já um pouco distante da defesa ocorrida pela população e da imprensa do SUS durante a pandemia, caso a narrativa “o SUS é um projeto utópico que fracassou por causa da sua ineficiência” ganhe forças: privatização e, consequentemente, até internações por patologias que deviam ser atendidas na APS causando sofrimento, mortes e perdas econômicas.

Dr. Nésio Fernandes, mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), afirmou que “é necessário resgatar a confiança de que o ser humano tem inteligência e que as relações podem se estabelecer dentro de um sistema de empoderamento”. E advertiu que “o encantamento com o SUS gerado durante a pandemia vai se esgotar. E voltarão as teses neoliberais sendo debatidas a partir do ano que vem. Portanto, temos que aproveitar e reforçar convicções de que Atenção Primária à Saúde consiga responder às demandas da população”.

Além dessas questões, foram abordados tópicos relacionados à infraestrutura de saúde, incluindo o programa Previne Brasil, do Governo Federal, cuja proposta tem como princípio a estruturação de um modelo de financiamento focado em aumentar o acesso das pessoas aos serviços da Atenção Primária e o vínculo entre população e equipe, com base em mecanismos que induzem à responsabilização dos gestores e dos profissionais pelas pessoas que assistem, como informa a Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019.

O evento foi moderado por Cinthia Sampaio Cristo, secretária executiva do Consórcio Conectar e por Décio Júnior, consultor da FNP para o Tendências para as Cidades.

Última modificação em Terça, 28 de Mai de 2024, 14:29
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