24/05/24

Webinário debate os desafios e soluções sobre a atenção básica e a cobertura vacinal no Brasil

Garantir uma cobertura vacinal abrangente e eficaz, especialmente no contexto da atenção básica em saúde, que é a responsável por promover bem-estar público, prevenir doenças e oferecer cuidados essenciais à população, apresenta desafios complexos. Dado a importância do contexto, a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) promoveu, nesta sexta-feira, 23, o quarto encontro da série de webinários Tendências para as Cidades, com o tema “Atenção básica: Desafios para a cobertura vacinal”.

Participaram nessa edição os palestrantes Luciana Phebo, pediatra e mestre em Saúde Pública, a doutora em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília (UnB), Carla Domingues e Jayme de Oliveira, mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).

A palestra foi iniciada com uma introdução de Kandice Falcão, assessora técnica do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que de imediato alertou um registro significativo de queda nas coberturas vacinais, informação que foi ecoada por todos os expositores durante o debate. “O Brasil conseguiu certificado de erradicação do sarampo e acabou por perdê-la. A gente precisa seguir e apontar estratégias para voltar aos resultados convergentes e positivos”, afirmou.

Carla Domingues, coordenadora de pesquisas sobre a efetividade da vacina COVID-19, sobre hesitação vacinal e coberturas vacinais do calendário do PNI, trouxe à tona os desafios enfrentados na vacinação da população, especialmente em regiões com infraestrutura precária, assim como também em lares cujos “pais não convivem mais com doenças como pólio, pois eles foram vacinados quando crianças e hoje desconhecem essas doenças. Fora isso, tem as fake news, que dizem que as vacinas fazem mal e que são complôs da indústria farmacêutica. Na pandemia esses grupos antivacinas se estabeleceram com as fake News. A forma como os grupos antivacinas atuam é muito convincente”, afirmou.

A chefe da Área de Saúde e Nutrição do Unicef-Brasil, Luciana Phebo, pontuou a necessidade de promoção de políticas públicas e propôs que que sejam aprovadas leis municipais, para que aconteça vacinação nas escolas e em creches. “Vacina é uma forma de ensinar o autocuidado e cuidar do outro também”, explicou. “A vacinação é muito representativa do nosso estágio cultural e da nossa importância coletiva. É um indicador de como estamos nos tratando coletivamente”, reiterou Jayme de Oliveira, conselheiro no Conselho Nacional do Ministério Público e presidente da Comissão da Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), disse Luciana.

Jayme de Oliveira revelou durante a sua participação no webinário que mais de 60% da população tem medo de reações e efeitos colaterais das vacinas. E que o medo de agulha ficou em segundo lugar. Essas informações são parte de uma pesquisa a ser divulgada pelo CNMP. “São dados que o gestor municipal vai precisar para desenvolver o seu trabalho local. E que se dê ao município condições para trabalhar. Pois há uma responsabilidade municipal muito grande e uma receita muito pequena”, declarou.

Ficou um denominador comum das falas dos palestrantes: a garantia de uma cobertura vacinal adequada requer um esforço conjunto e coordenado de governos, profissionais de saúde, organizações da sociedade civil e da própria comunidade. Porém com financiamento, combate a propagadores de notícias falsas, além de comunicação efetiva sobre a importância da vacinação, especialmente das crianças.

Sobre esse desafio, Luciana Phebo, que já praticou medicina em hospitais públicos e atenção primária à saúde na gestão pública municipal e estadual, sentenciou: “A escola é um espaço de promoção da saúde. Nossa proposta é de fazer a vacinação nas escolas, além do monitoramento do cartão vacinal”.

O evento de hoje foi moderado por Daniel Miranda, coordenador de Relações Institucionais e Projetos da FNP, Kandice Falcão, assessora técnica do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e por Décio Júnior, consultor da FNP para o Tendências para as Cidades.

Última modificação em Sexta, 24 de Mai de 2024, 15:26
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