FNP promoveu encontro virtual para compartilhamento de experiências entre municípios que sofreram recentemente com efeitos de fortes chuvas
“A prevenção não espera o acidente”, foi o que afirmou o prefeito Kayo Amado, de São Vicente/SP, nesta quinta-feira, 9, a governantes locais de municípios atingidos por efeitos de mudanças climáticas. Durante o encontro virtual, promovido pela comissão permanente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) – Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD), o grupo reforçou a necessidade de ocupar vácuo legislativo e receber recursos para atuar em ações preventivas.
Localizada no litoral Sul do estado de São Paulo, São Vicente também impactada recentemente pelas fortes chuvas, com registros de deslizamentos. Segundo o prefeito do município, desde que assumiu, trabalha por recursos para conseguir fazer a prevenção nas encostas. “Se a gente não quer esperar os próximos casos de desastres, o momento de pautar o assunto é agora”, declarou.
Diante do cenário devastador do litoral paulista, o prefeito de Petrópolis/RJ, Rubens Bontempo, compartilhou sua experiência enquanto governante de um município que enfrentou o mesmo problema em 2022. De acordo com ele, um ano após o desastre que deixou mais de 241 mortos e dois desaparecidos, 3,9 mil famílias já vivem em áreas seguras.
O prefeito contou que isso foi possível ao aluguel social, uma política pública em parceria com o governo do estado do Rio de Janeiro, que financia integralmente um aluguel de R$ 1 mil para que as pessoas possam morar em um lugar seguro. Além dessa iniciativa, ele também destacou a atuação da prefeitura que, no curtíssimo prazo, conseguiu “limpar a cidade”. “Foram quase 500 mil m³ de detritos retirados”, disse.
“A gestão em si é difícil e a gente precisa fazer uma Defesa Civil mais forte. Infelizmente, as cidades de porte e médio pra baixo não estão estruturadas para enfrentar esse tipo de problema”, afirmou.
Para o prefeito de Niterói/RJ, Axel Grael, vice-presidente de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da FNP, é preciso “cooperação solidária em situações de emergência como essa”. O município fluminense deu início a construção de um plano de contingência em 2013 de modo a estruturar a Defesa Civil para que atue tanto em situações de chuvas quanto de estiagem, buscando agregar tecnologia no processo.
“Essa semana, colocamos em operação o radar meteorológico que nos dá capacidade de monitoramento da aproximação de chuvas intensas no raio de 100km de Niterói”, contou. A iniciativa é um exemplo de atuação preventiva. “Estamos fazendo gestão de crise, mas queremos ser prefeitas e prefeitos da solução”, salientou a prefeita de Francisco Morato/SP, Renata Sene, presidente da Comissão.
Os governantes foram bastante enfáticos ao defender “um sistema de proteção à vida”. “A gente precisa alinhar essa questão ambiental com a questão da Defesa Civil, porque vão precisar caminhar cada vez mais junto, inclusive com a questão educacional”, falou Bontempo. Para ele, é importante fazer com que essa transversalidade garanta um debate mais amplo, possibilitando a construção de cidades mais resilientes.
No dia 14 de março, próxima quarta-feira, resiliência urbana aos desastres ambientais e o déficit habitacional estarão em pauta na mesa “Sustentabilidade urbana e mudanças climáticas”. O debate integra a programação da 84ª Reunião Geral da FNP, com a participação de prefeitos e representantes do governo federal, como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. No dia 15 de março, quinta-feira, a Comissão volta a se reunir, de forma presencial, em Brasília/DF. A Comissão da FNP - Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD) conta com o apoio do WRI Brasil.