09/03/23

Prefeitos defendem ações preventivas aos impactos das mudanças climáticas

FNP promoveu encontro virtual para compartilhamento de experiências entre municípios que sofreram recentemente com efeitos de fortes chuvas

“A prevenção não espera o acidente”, foi o que afirmou o prefeito Kayo Amado, de São Vicente/SP, nesta quinta-feira, 9, a governantes locais de municípios atingidos por efeitos de mudanças climáticas. Durante o encontro virtual, promovido pela comissão permanente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) – Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD), o grupo reforçou a necessidade de ocupar vácuo legislativo e receber recursos para atuar em ações preventivas.

Localizada no litoral Sul do estado de São Paulo, São Vicente também impactada recentemente pelas fortes chuvas, com registros de deslizamentos. Segundo o prefeito do município, desde que assumiu, trabalha por recursos para conseguir fazer a prevenção nas encostas. “Se a gente não quer esperar os próximos casos de desastres, o momento de pautar o assunto é agora”, declarou.

Diante do cenário devastador do litoral paulista, o prefeito de Petrópolis/RJ, Rubens Bontempo, compartilhou sua experiência enquanto governante de um município que enfrentou o mesmo problema em 2022. De acordo com ele, um ano após o desastre que deixou mais de 241 mortos e dois desaparecidos, 3,9 mil famílias já vivem em áreas seguras.

O prefeito contou que isso foi possível ao aluguel social, uma política pública em parceria com o governo do estado do Rio de Janeiro, que financia integralmente um aluguel de R$ 1 mil para que as pessoas possam morar em um lugar seguro. Além dessa iniciativa, ele também destacou a atuação da prefeitura que, no curtíssimo prazo, conseguiu “limpar a cidade”. “Foram quase 500 mil m³ de detritos retirados”, disse.

“A gestão em si é difícil e a gente precisa fazer uma Defesa Civil mais forte. Infelizmente, as cidades de porte e médio pra baixo não estão estruturadas para enfrentar esse tipo de problema”, afirmou.

Para o prefeito de Niterói/RJ, Axel Grael, vice-presidente de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da FNP, é preciso “cooperação solidária em situações de emergência como essa”. O município fluminense deu início a construção de um plano de contingência em 2013 de modo a estruturar a Defesa Civil para que atue tanto em situações de chuvas quanto de estiagem, buscando agregar tecnologia no processo.

“Essa semana, colocamos em operação o radar meteorológico que nos dá capacidade de monitoramento da aproximação de chuvas intensas no raio de 100km de Niterói”, contou. A iniciativa é um exemplo de atuação preventiva. “Estamos fazendo gestão de crise, mas queremos ser prefeitas e prefeitos da solução”, salientou a prefeita de Francisco Morato/SP, Renata Sene, presidente da Comissão.

Os governantes foram bastante enfáticos ao defender “um sistema de proteção à vida”. “A gente precisa alinhar essa questão ambiental com a questão da Defesa Civil, porque vão precisar caminhar cada vez mais junto, inclusive com a questão educacional”, falou Bontempo. Para ele, é importante fazer com que essa transversalidade garanta um debate mais amplo, possibilitando a construção de cidades mais resilientes.

No dia 14 de março, próxima quarta-feira, resiliência urbana aos desastres ambientais e o déficit habitacional estarão em pauta na mesa “Sustentabilidade urbana e mudanças climáticas”. O debate integra a programação da 84ª Reunião Geral da FNP, com a participação de prefeitos e representantes do governo federal, como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. No dia 15 de março, quinta-feira, a Comissão volta a se reunir, de forma presencial, em Brasília/DF. A Comissão da FNP - Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD) conta com o apoio do WRI Brasil.

Última modificação em Sexta, 10 de Março de 2023, 15:19
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