Governantes locais devem ter protagonismo na construção de uma agenda nacional de desenvolvimento urbano. Essa foi a opinião geral expressa na abertura do 1º encontro presencial do Fórum Unicidades, promovido em Brasília/DF, nesta segunda-feira, 7. As atividades seguem até amanhã, 8, com o objetivo de debater prioridades para o planejamento das cidades e elaborar conjuntamente uma proposta de atuação para 2023.
“É importante que a gente sente para planejar nossa agenda de intervenções. Diria que é isso: voltar a uma agenda anterior, onde a gente garanta que a cidade volte a ser uma cidade humanizada”, destacou a prefeita de Contagem/MG, Marília Campos, vice-presidente de Políticas Sociais da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), associação de municípios que apoia o Fórum junto com o WRI Brasil.
A governante ressaltou, ainda, que a realidade atual é que as “cidades estão completamente degradadas” e afirmou acreditar no papel das associações municipalistas para reivindicar investimentos aos municípios. “Hoje, os municípios vivem o caos em termos de investimento público, sem planejamento nenhum. Na minha cidade, esse período que fiquei fora, foi um retrocesso, inclusive, no planejamento urbano”, disse a governante, eleita para seu terceiro mandato em 2020. Para ela, “temos que ter um Ministério que cuide das cidades”.
Marília participou da mesa “Oportunidades e desafios para o planejamento e desenvolvimento urbano no Brasil para os próximos 2 anos” ao lado de Anaclaudia Rossbach, diretora de Programas para a América Latina e Caribe do Lincoln Institute of Land Policy, que ressaltou a importância de “repensar um modelo de governança e participação”, de modo que o diálogo com os municípios seja horizontal.
Washington Fajardo, arquiteto e urbanista da Harvard GSD Loeb Fellow também participou das discussões, comentando sobre o projeto Reviver Centro, um plano de recuperação urbanística, cultural, social e econômica da região central do Rio de Janeiro/RJ.
Abertura
O coordenador de articulação política da FNP, Jeconias Junior, falou sobre a importância de reconhecer que este é um momento de “superação para as cidades brasileiras” e uma oportunidade para repensar o destino dos municípios a partir de uma lógica que observe a gestão urbana da forma heterogênea que é. Jeconias também destacou a importância da repactuação federativa, de modo que traga para os municípios não somente os encargos, mas sim as “condições para efetuarem políticas públicas que a população precisa e merece ter”.
Entre os desafios reconhecidos, o diretor de Cidades do WRI Brasil, Toni Lindau, destacou vincular planejamento urbano ao desenvolvimento econômico e a inclusão das cidades nessa agenda nacional. Ele também reforçou a importância de fortalecer e expandir o Fórum Unicidades e falou que o momento é de oportunidade de diálogo, além de sua expectativa pelo reestabelecimento de um Ministério que abarque as demandas das cidades.
“Vamos batalhar junto ao governo federal para batalhar apoio aos municípios. Este é o conceito, a característica do Fórum: trabalhar com as divergências e características dos municípios”, garantiu a presidente do Unicidades, Bruna Barroca, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá/PR.