05/10/21

Uso de dados na gestão da mobilidade urbana reúne Brasil, Espanha e Moçambique para troca de experiências

O terceiro encontro, realizado nesta terça, 5, faz parte do Projeto AcessoCidades e discutiu fontes de dados e desafios enfrentados no setor

O foco na segurança e na qualidade do serviço prestado aos usuários de transporte público norteou a discussão na 3ª Troca de experiências do Projeto AcessoCidades: cidades mais acessíveis e conectadas, realizada nesta terça-feira, 5, de forma remota. O encontro reuniu representantes do Brasil, Espanha e Moçambique, que falaram sobre o uso de dados para a gestão de mobilidade urbana, compartilharam experiências, diferentes fontes de dados e desafios enfrentados nos países em questão. 

Pelo Brasil, a secretária de Transportes do Rio de Janeiro, Maína Celidonio, apresentou o que a prefeitura vem realizando nessa gestão em relação à mobilidade e, ainda, quais os planos para o futuro. Um dos temas levantados por ela foi o cadastro de linhas de ônibus na cidade. “Até 2020, todo cadastro era feito em papel. Em 2021, atualizamos para o cadastro digital, adicionando todas as informações importantes sobre mobilidade”, disse.

Entre os produtos entregues e os que ainda estão em construção no Rio, segundo Maína, estão acompanhamento da quantidade de passageiros nas linhas; sistema de acompanhamento da qualidade das estações do BRT; QR Code nas paradas de ônibus; acompanhamento com o GPS dos ônibus e do BRT; e transparência dos dados.

Lauro Silvestre, coordenador de Monitoramento da Secretaria de Transportes do RJ, participou do debate e acrescentou que está em andamento uma experiência para coletar informações sobre a experiência dos usuários em relação ao transporte. “Ainda estamos testando internamente para ver como será esse retorno. O uso da informação era muito espalhado antes. Quando um usuário fazia uma reclamação, por exemplo, muitas ficavam perdidas e eram respondidas de forma genérica. Queremos mudar isso”, afirmou. Segundo Lauro, o próximo passo é uma maior integração com o usuário por meio de aplicativos privados já existentes, com informações compartilhadas da secretaria. 

Experiências internacionais
A técnica de Mobilidade e Sustentabilidade da Área Metropolitana de Barcelona (AMB), Anabel Rubio, destacou que o país está empenhado em oferecer uma melhor experiência aos passageiros e passageiras de transporte público. “Temos uma trajetória de controle de dados, de tomada de indicadores para medir a qualidade do serviço que oferecemos”, adiantou.

Pela AMB, são analisados indicadores de demanda, de validação, de bilhetagem, de operação de serviço, de ocupação dos veículos, origem e destino, trajetos difíceis e mais bem sucedidos, indicadores de objetivos, entre outros. “Queremos sempre cumprir os horários das viagens e, além disso, vemos também se os veículos estão confortáveis, limpos. Avaliamos itens como a atenção que as pessoas recebem ao utilizar o serviço”, acentuou Anabel.

Ela frisou que a transparência dos dados é algo importante para a AMB e que toda a base com as informações é compartilhada com as empresas. “É tudo muito claro entre nós e a empresa prestadora de serviço. Esse é um ponto importante de transparência e de controle de dados”, comentou. Outro ponto de destaque de Anabel foi que as paradas de ônibus já contam com telas que mostram o trajeto da linha, como o horário de chegada do ônibus no local em tempo real. “Essa informação nos permite analisar se o que está na tela é confiável, para vermos se o horário está sendo mesmo cumprido. Isso nos permite agir de forma antecipada.”

Em Maputo (Moçambique), Armando Bembele, administrador técnico da Agência Metropolitana dos Transportes local, partilhou a experiência que, segundo ele, ainda está caminhando. A cidade está implantando um sistema de rastreamento nos ônibus, para avaliar rotas, trajetos e horários; e de bilhetagem eletrônica, para fornecer informações mais precisas ao governo, às operadoras e aos cidadãos, além de evitar perdas na arrecadação. “Com o bilhete eletrônico, queremos fornecer ao governo informação confiável daquilo que é verdadeiramente a movimentação do setor e ver se esse sistema é sustentável ou não”, disse.

Sobre a experiência com o cidadão, Armando admitiu que o sistema ainda não é tão acessível para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, mas que é um trabalho a ser realizado. “Nossos ônibus ainda não são muito acessíveis e temos essa consciência. Muitas pessoas ficam sem acesso ao serviço e estamos buscando dados para que nos dê subsídio para melhorar esse serviço.”

Armando Bembele disse que a troca de experiências foi enriquecedora e que aproveitará muitas orientações para aprimorar o sistema de transportes de Maputo. “Queremos aprender com o que já foi feito nos outros países, que estão com projetos muito mais avançados que os nossos. Essa é uma oportunidade única. Queremos utilização real de dados para tornar o sistema mais acessível à população, com os dados do GPS pretendemos ter uma central de controle e visualizar os dados daquilo que está acontecendo, para uma melhor tomada de decisão, e absorver algumas formas de pensar do nosso passageiro, por meio dos nossos canais, para colhermos quais são as impressões e o que podemos fazer para instalar melhorias”, elencou.

Saiba mais sobre a primeira e a segunda troca de experiências.

Projeto
O AcessoCidades é uma iniciativa da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) com a Confederación de Fondos de Cooperación y Solidaridad (Confocos/Espanha) e a Associazione Nazionale Comuni Italiani (ANCI/Itália) e cofinanciamento da União Europeia. O projeto tem como objetivo qualificar políticas de mobilidade urbana no Brasil com vistas ao desenvolvimento sustentável e ao combate às desigualdades sociais, raciais e de gênero.

A iniciativa terá duração de três anos (entre 2021 e 2023) e quatro eixos de atuação: governança; diagnóstico e capacitação; planejamento e viabilização de boas práticas; e engajamento.

A partir disso, será possível pensar na sustentabilidade financeira do serviço de transporte público, na inovação tecnológica para qualificação e eficiência no setor, na mobilidade ativa e na regulamentação do transporte individual por aplicativos, entre outros.

Para dúvidas e mais informações, entre em contato pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 9 - Indústria, Inovação e Infraestrutura; 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis; 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes; 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Saiba mais aqui.

Redator: Jalila ArabiEditor: Paula Aguiar
Última modificação em Sexta, 03 de Dezembro de 2021, 09:23
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