30/04/20

Turquia mostra como medidas precoces e rígidas têm ajudado o país a superar pandemia

Em live promovida pela FNP nesta quinta, 30, prefeitos turcos conversaram com os brasileiros para contar a experiência durante crise na saúde; Turquia destacou a rigidez com o distanciamento social e o forte investimento na saúde, iniciado bem antes da doença

Para trocar experiências sobre a crise causada pelo novo coronavírus, prefeitos brasileiros e turcos se reuniram, nesta quinta-feira, 30, para debater o assunto. O encontro faz parte de uma rodada de conversas realizada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), com autoridades ao redor do mundo, para entender o comportamento de outros países no enfrentamento à pandemia.

O encontro desta quinta contou com a participação do prefeito de Teresina/PI e vice-presidente nacional da FNP, Firmino Filho, e o prefeito de São José dos Campos/SP, Felício Ramuth. Pela Turquia, participaram a presidente da União dos Municípios da Turquia/TBB e prefeita de Gaziantep, Fatma Şahin, e o presidente da Associação de Cidades Saudáveis da Turquia e prefeito de Bursa, Alinur Aktaş.

Durante a reunião, os representantes turcos avaliaram a situação do país. A Turquia já tem mais de 118 mil casos registrados de covid-19 e superou a marca de três mil mortos. O número é alto, mas ainda menor que o registrado no Brasil (5,5 mil).

A prefeita Fatma Sahin destacou o rápido empenho das autoridades nacionais e municipais para conter o avanço da doença. “Quando nosso governo teve as primeiras informações da pandemia, fundou um conselho científico, de forma rápida e eficiente. O conselho trabalhou de perto com outros ministérios editando regulamentos e orientações”, disse. “Percebemos que as prefeituras que aplicaram essas medidas tiveram mais sucesso no combate”.

Fatma elogiou a postura do presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, que enxerga a questão humanitária como uma prioridade. “Com a chegada do presidente ao poder, foi imposto um novo conceito de gestão, focado no ser humano, especialmente na saúde e na educação. Com essa revolução, todo cidadão turco tem, hoje, acesso a um sistema universal e gratuito de saúde, e isso foi extremamente importante para contermos a doença”, explicou a prefeita.

Alinur Aktaş complementou falando sobre como funciona o sistema de saúde local. O prefeito salientou a adesão da população ao isolamento e às medidas de segurança e ressaltou a participação de todas as esferas de governo, além da rede particular. “Antes da pandemia, há pelo menos 15 anos, o país já havia construído vários hospitais, em uma iniciativa que uniu o setor público e privado. Além disso, temos muitos médicos no país, então isso ajudou muito”, relatou.

Os representantes turcos frisaram que o isolamento social e o uso de máscaras foram atitudes essenciais para conter o avanço da doença. “Começamos a tomar as primeiras medidas já em fevereiro. Em março, adotamos diretivas mais rígidas”, lembrou Alinur. 

Nessa quarta, 29, o ministro da Saúde da Turquia, Fahrettin Koca, se pronunciou afirmando que o país já atingiu o pico da doença e que a tendência é que os casos comecem a cair. Koca chegou a elogiar a performance dos turcos em meio à doença. “A Turquia não venceu a guerra, mas venceu a primeira batalha”, disse. Segundo ele, o retorno gradual às atividades deve começar após o dia 23 de maio, que é quando termina o período sagrado de jejum dos mulçumanos conhecido como Ramadã.

Números

A prefeita de Gaziantep, Fatma Şahin, apresentou números impressionantes. A Turquia conta hoje com uma estrutura de 45 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes - a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 a 30 leitos por grupo de 100 mil habitantes. “Isso explica por que tivemos muitos pacientes curados, foi graças a nossa estrutura”.

No Brasil, segundo dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), são 20 leitos para cada 100 mil habitantes. Até 30 de março, mais de 70% dos leitos de UTI já estavam ocupados.

O prefeito Firmino Filho relatou que seu município já acumula 11 mortes – o primeiro óbito foi registrado em 22 de março. No dia seguinte, o município adotou o distanciamento. Ele afirmou que a prefeitura de Teresina está trabalhando para aumentar o número de leitos para tratar os doentes. “Que possamos aprender com a experiência de outros países e nos unir principalmente na solidariedade”. Já Felício Ramuth confirmou a importância do trabalho coordenado e de um diálogo aberto entre as esferas de governo.

Até 28 de abril, as cidades com mais de 80 mil habitantes já registravam 62 mil casos positivos da doença. Desses, 47,3 mil estavam em municípios com população superior a 500 mil habitantes. O impacto nos cofres municipais com a pandemia já supera R$ 30,7 bilhões, segundo levantamento feito pela FNP.]

 

Redator: Jalila Arabi

Editor: Bruna Lima

 

Última modificação em Quinta, 30 de Abril de 2020, 14:15
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