O comitê de mulheres da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) voltou a se reunir nesta terça-feira, 26, para discutir a representatividade feminina na política nacional. As governantes locais também tiveram a oportunidade de compartilhar experiências de gestão com a ex-prefeita de Santiago, no Chile, Carolina Tohá.
A chilena, convidada especial da programação de 30 anos da FNP, destacou os desafios que as mulheres enfrentam para ocupar espaços de governança. "Nós temos sido vinculadas a áreas periféricas, assim como o cenário dos municípios no atual modelo democrático", pontuou Tohá, que hoje é ativista de movimentos pelo fortalecimento da democracia.
Ainda segundo ela, é preciso garantir uma participação feminina maior nos governos municipais. "Precisamos lutar pelo protagonismo, pela renovação e pela restituição da confiança do trabalho exercido para as populações", acrescentou.
As prefeitas brasileiras enfatizaram o repúdio ao sexismo na política. Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas/BA e vice-presidente de Mulheres da FNP, destacou a importância da união. “Essa troca de ideias, de boas práticas na política, com certeza já fortalece a nossa luta”, disse.
Para a prefeita de Ipojuca/PE, Celia Sales, os desafios enfrentados nos municípios são os mesmos, independentemente de quem os governe. “Na minha cidade, a minha prioridade foi investir em saúde e educação, com destaque para a construção de creches que, sabemos, é fundamental para a mulher voltar ao mercado de trabalho. Além disso, eu também preciso administrar o desemprego que assola boa parte da população”, contou Celia, que foi a primeira prefeita eleita da história de Ipojuca.
Daniela Martins, coordenadora de Parcerias e Projetos da FNP, reafirmou que a representatividade da mulher na política é uma das pautas prioritárias da entidade, “que continuará dando os encaminhamentos necessários para os avanços que precisamos”.
Perfil das prefeitas no Brasil
De acordo com pesquisa do Instituto Alziras, organização parceira da FNP, apenas 12% das prefeituras no país são conduzidas por mulheres, embora elas representem 51% da população. O estudo mostra também que 22% declararam falta de apoio do partido e da base aliada.
Para combater esse panorama, a jurista Luciana Lóssio, primeira mulher a ocupar a vaga de ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sugeriu a participação das prefeitas na consulta que será julgada pela ministra Rosa Weber até maio de 2020. A proposição, apresentada pela deputada Lídice da Mata em agosto de 2017, reivindica que a cota mínima de 30% de vagas para candidatas mulheres nas eleições, obrigatória desde 2009, valha também para a composição das comissões executivas e diretórios nacionais dos partidos.
Em apoio à causa, as prefeitas deliberaram por apresentar uma Carta Aberta ratificando a importância da cota. O documento deverá ser entregue à ministra Rosa Weber ainda este ano, antes do início do recesso no Judiciário.
As prefeitas de Pelotas/RS, Paula Mascarenhas; Colombo/PR, Beti Pavin; Embu Guaçu/SP, Maria Lucia; de Camaragibe/PE, Dra. Nadegi queiroz; e a diretora do Instituto Alziras, Michelle Ferreti também participaram da reunião.