25/04/17

IV EMDS discute estratégias para auxiliar e monitorar os impactos das mudanças climáticas no setor hídrico

Segurança Hídrica e Saneamento para o desenvolvimento sustentável foi o tema da mesa “Fenômeno Global, impacto local: enfrentar os desafios dos impactos das mudanças do clima nos serviços de água e saneamento reduzindo vulnerabilidades, aumentando a resiliência, tornando as cidades mais sustentáveis”, durante o IV EMDS, que ocorre no estádio Nacional Mané Garrincha.

Bárbara, especialista sênior em Clima e Sustentabilidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), como moderadora, iniciou o debate comentando acerca das mudanças climáticas no Brasil. Segundo Brakarz, fenômenos naturais causados pelas mudanças climáticas estão cada vez mais recorrentes e essas alterações são produzidas por vários fatores, como por exemplo: secas, enchentes, umidade relativa do ar. “O efeito das mudanças climáticas afeta a disponibilidade de água, aumenta os níveis de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. Se não conseguirmos diminuir a temperatura em dois graus Celsius nos próximos 50 anos a probabilidade de temperaturas elevadas, enchentes e secas irão se agravar”, afirmou.

Na mesma vertente, Antônio Magalhães, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do Banco Mundial, diz que se não houver uma conscientização sistemática em relação às mudanças climáticas, desastres naturais serão cada vez mais recorrentes e intensos. “As mudanças climáticas já chegaram no Brasil. Vivenciamos na capital federal uma escassez hídrica que afeta o abastecimento e, por isso, estamos passando por racionamento de água, assim como ocorreu em 2014/2015, em São Paulo”.

Magalhães citou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), como uma ferramenta importante que fornece informações técnicas, científicas e socieconômicas sobre as causas das mudanças climáticas, suas principais consequências ambientais e a diminuição desses efeitos, aos gestores públicos. “É fundamental fazermos um monitoramento detalhado da situação climática no Brasil“, explica.

O representante do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Edgar Salinas, comentou que as Nações Unidas têm projetos para ajudar governos e sociedade civil a lidar com as mudanças climáticas, mas diz que é preciso fazer muito mais. “A ONU criou diretrizes com a finalidade de diminuir os efeitos do aquecimento global, mas tem de haver uma ação sistemática entre sociedade, gestores públicos, entidades para criar de fato mecanismos e ferramentas para termos um cenário mais otimista da segurança hídrica e saneamento no futuro”.

Carmen Molejon, do departamento de Saneamento e Recursos Hídricos do Banco Mundial, defendeu o Plano de Preparação da Seca que o Banco desenvolveu. “Precisamos quebrar paradigmas e focar para uma gestão proativa de secas e não reativa. E o Plano aponta para diretrizes eficientes nesse sentido”, explica Carmen.

Adriana Lustosa, gerente de projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental ligada ao Ministério do Meio Ambiente, completou o debate apresentando ao público gráficos, mapas e dados que apontam que o Brasil tem uma disponibilidade de recursos hídricos privilegiada. No entanto, em termos de quantidade de água está disponível de forma desigual no território nacional. “Um dos fatores dessa desigualdade que impacta na disponibilidade hídrica é a migração da população rural para a área urbana. Um dado que chama atenção é que temos atualmente no Brasil mais de 200 milhões de habitante e a quantidade de água tem que ser suficiente para suprir essa demanda.

A gerente destacou ainda o Plano Nacional de Recursos Hídricos que estabelece 16 prioridades, 45 ações e 71 metas para a gestão da qualidade da água. “O saneamento deve ser implementado de forma efetiva com gestão descentralizada e participativa”, defendeu Lustosa.

Redação: Carolina Cameschi

Editor: Rodrigo Eneas
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