Com o objetivo de apresentar ideias e caminhos para o desenvolvimento urbano e sustentável, teve início na quinta-feira (10), o Congresso Internacional Cidades & Transportes, realizado pelo o WRI Brasil – Cidades Sustentáveis | EMBARQ Brasil, no Rio de Janeiro (RJ). A programação, que conta uma série de debates para a discussão de alternativas sustentáveis ao futuro das cidades, se estende até nesta sexta-feira (11).
Os prefeitos de Belo Horizonte (MG), presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Marcio Lacerda, e de Joinville (SC), vice-presidente de Iluminação Pública, Udo Döhler, tiveram a oportunidade de contribuir durante os debates.
Entre os temas debatidos ao longo dos dois dias de evento, que reúne especialistas, líderes municipais, empresas e associações de diversas partes do mundo estão: Transporte e mobilidade urbana sustentável, planejamento estratégico, desenvolvimento urbano, mudanças climáticas, governança, tecnologia, filantropia, acessibilidade, gestão de demanda de viagens e o papel da imprensa na construção de cidades para todos. “As cidades cresceram de maneira errada. Nós estamos atrasando o sucesso das cidades”, contextualizou o presidente do WRI Brasil, Andrew Steer.
Durante a cerimônia de abertura o prefeito Lacerda afirmou que a FNP, com suas vice-presidências temáticas e os mais de 20 Fóruns temáticos de secretários municipais, trabalha para o avanço da governança municipal. “É um trabalho de gerações, mas cada um de nós, prefeitos, precisamos deixar a nossa contribuição significativa nesse processo de avanço das cidades, que agora, de fato, tem o seu protagonismo reconhecido a nível internacional”, falou.
Nesse momento também estiveram presentes o presidente do WRI Brasil, Andrew Steer, o diretor-executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro, que esteve representando o governador do Rio de Janeiro (RJ), Luiz Fernando Pezão, o vice-presidente de Infraestrutura do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Antonio Juan Sosa, a diretora do WRI Brasil, Raquel Birdeman; o diretor-presidente da WRI – Cidades Sustentáveis Brasil, Luis Antonio Lindau e do ex-prefeito de Curitiba (PR), Jaime Lerner.
Lançamento do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis
Criado a partir da doação de $30,5 milhões, feita pelo empresário Stephen Ross, ao World Resources Institute (WRI), o WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis foi lançado na tarde da quinta-feira (10) e contou com a participação do presidente da FNP. Entre os objetivos do WRI Ross está a transformação de grandes ideias em realidade, com foco em mobilidade, desenvolvimento urbano, saúde, segurança viária, água, energia e governança.
“É muito importante no trabalho das cidades a participação em redes de cidades, a proximidade com agências de desenvolvimento e com essas organizações que contam com a adesão, recursos de filantropos, como o Stephen [Ross], para que tenhamos meios mais ágeis, menos burocratizados, de partilhar experiências, ter apoio em projetos, em planejamentos e, principalmente, essa troca de experiências que se consegue entre cidades do mundo através de instrumentos de cooperação como os proporcionados pelo WRI Ross”, destacou Lacerda.
Além do prefeito de Belo Horizonte, compuseram a mesa de lançamento o presidente do WRI Brasil, Andrew Steer, a diretora do WRI Brasil, Raquel Birdeman; o diretor-presidente da WRI – Cidades Sustentáveis Brasil, Luís Antonio Lindau, o diretor Global do WRI Ross Center for Sustainable Cities, Ani Dasgupta e a vice-presidente de Sustentabilidade da Related Companies, Charlotte Matthews.
Plano de Mobilidade Urbana
Neste debate, os participantes falaram sobre as principais dificuldades para a construção de um Plano de Mobilidade. Representando a FNP na mesa, esteve o prefeito de Joinville (SC), vice-presidente de Iluminação Pública, Udo Döhler, que recentemente concluiu o plano no município catarinense. “Conseguimos efetivamente disponibilizar um plano que hoje vem trazendo resultados altamente promissores e com essa participação densa conseguimos otimizar muito o investimento na construção desse plano”, falou.
De acordo com dados apresentados pelo secretário Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dario Lopes, 3.326 municípios brasileiros ainda têm de fazer o Plano de Mobilidade. “Municípios com população acima de 750 mil já estão com o plano pronto ou com o plano em elaboração. E ainda há uma porcentagem significativa de municípios entre 250 mil a 750 mil habitantes já elaborando”, falou.
Segundo Lopes, a grande preocupação do ministério das Cidades é com os municípios que não tem fôlego financeiro para contratar o serviço. “Esse é o grande desafio: como fazer com que essas pequenas cidades, que estão no limiar da motorização, cresçam de uma forma sustentável, para que os problemas das grandes cidades não se repitam no futuro”, explicou.
Sob moderação do professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rômulo Orrico, o debate contou ainda, com as contribuições do coordenador do LAB.Rio, Luti Guedes; do professor Titular do Departamento de Engenharia de Transporte da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Orlando Strambi; da diretora do Departamento de Transporte de Portland (EUA), Leah Treat; do coordenador do Departamento Técnico da SC Parcerias S.A. e Coordenador do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (PLAMUS), Guilherme Medeiros e da diretora de Projetos & Operações da EMBARQ Brasil, Daniela Facchini.
Palestra Magna
O prefeito Marcio Lacerda fechou o dia de debates com a palestra “O Legado das Cidades Brasileiras”. Na ocasião, o presidente da FNP falou sobre sua experiência como gestor municipal e os desafios que enfrenta.
Entre os pontos abordados em sua palestra esteve a mobilidade urbana, mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, judicialização da política, desequilíbrio na relação federativa e convergência internacional e local no entendimento sobre a importância do papel das cidades na agenda global de qualidade de vida.
Para o prefeito, a múltipla cooperação com os organismos multilaterais, ONGs, rede de cidades é fundamental para os avanços nas cidades. “É preciso acentuar mais uma vez que a colaboração da rede EMBARQ foi fundamental para os avanços na questão da mobilidade”, disse.
O presidente da FNP destacou o aumento crescente das responsabilidades das cidades e a redução no percentual de participação das receitas globais de impostos no país. Além disso, para ele, as interferências do Poder Judiciário, por exemplo, cerceiam a vontade de pessoas de bem estarem na política.
No entanto, vê o futuro do país com esperança, com o anseio da população brasileira por administrações limpas, transparentes, honestas e que produzem resultados palpáveis. “Honestidade não deveria ser qualidade, deveria ser pré-requisito para o exercício da atividade pública”, concluiu.