O prefeito de Niterói, Axel Grael, ressaltou a gravidade das queimadas no Brasil e a necessidade de uma resposta nacional coordenada
O prefeito de Niterói/RJ, Axel Grael, presidente da Comissão Permanente da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) de Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD), participou nesta quinta-feira, 19, de reunião extraordinária do Conselho da Federação para tratar das queimadas que estão assolando o Brasil.
Axel, que também é vice-presidente da FNP, era o único prefeito na mesa, que contou ainda com a participação de nove governadores (Pará, Goiás, Mato Grosso, Amazonas, Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Roraima e Distrito Federal), dois vice-governadores (Rondônia e Amapá) e os ministros: Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça), Marina Silva (Meio Ambiente), Waldez Góes, (da Integração e Desenvolvimento Regional), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
“Nós temos mais de 11 milhões de hectares de áreas já queimadas no país todo. É uma situação gravíssima e que nos preocupa demais porque estamos vendo isso como um efeito das mudanças climáticas. A quantidade de carbono liberado nessas queimadas só potencializa ainda mais o problema e precisamos estruturar o país para dar respostas para o tamanho do problema que nós estamos enfrentando agora. Nós temos a convicção que não conseguiremos dar a resposta que proteja o país do que está acontecendo se não for uma estratégia de nação.”, disse o prefeito na saída da reunião.
Falando sobre a ação das Defesas Civis em todo o país durante esse período de queimadas, o prefeito Axel destacou a importância de se preparar, de forma antecipada e planejada, para os desastres, sejam eles naturais ou por ação humana.
“Expressamos na reunião que é fundamental também que haja uma ação de preparação porque a Defesa Civil é facilmente reconhecida a sua importância nos momentos de crise. O grande desafio é fazer com que as pessoas priorizem as ações de proteção de defesa civil nas situações de normalidade. Não podemos desperdiçar esse momento de mobilização, que a opinião pública está vendo o que está acontecendo e que os órgãos todos estão buscando se organizar”, enfatizou.
Sobre o diálogo com o Governo Federal, Grael ressaltou que a FNP tem buscado o diálogo constante para tentar achar soluções e, principalmente, uma maior participação federal nos combates aos incêndios. “A FNP tem buscado esse diálogo, tem buscado que haja um reconhecimento maior do papel dos municípios nessa mobilização. Existe uma grande disparidade de realidade, de estrutura e de capacidade de investimentos entre os municípios, mas a gente já tem, hoje, um grande número de municípios que estão preparados. De qualquer maneira, precisamos da maior participação do Governo”.
Crime organizado
Após a reunião, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou à imprensa que um dos problemas está na falta de punição para os criminosos. “São medidas e esforços do ponto de vista orçamentário, tecnológico e legislativo. Do ponto de vista legislativo, há de se endurecer a pena para aqueles que praticam esse tipo de crime. No Judiciário, o próprio ministro Barroso fez uma recomendação para que esses casos sejam priorizados e que as pessoas possam ser investigadas com celeridade e punidas”, apontou.
Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi mais enfático ao dizer que os incêndios têm presença “articulada e organizada do crime”.
"As motivações podem ser diversas, mas por trás delas estão sempre intenções criminosas. E o que caracteriza diferença dos outros anos para esse é uma presença articulada e organizada do crime tocando fogo em vários lugares do país", disse a jornalistas.
"Ficou claro para todos pela extensão e ocorrência simultânea, em áreas diversas a distâncias muito grandes, parece algo sincronizado. Na mesma hora, mesmo dia, regiões a 300 km, 400 km [distantes] uma da outra. Todos começam a tocar fogo na mesma hora. Assim como se um raio caísse em todos os lugares ao mesmo tempo e fogo começasse ao mesmo tempo. Fica claro o caráter criminoso", completou.
Investimento Federal
Rui Costa, condutor da reunião, afirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar, nos próximos dias, mais cerca de R$ 400 milhões para ações de combate ao fogo e enfrentamento aos efeitos da seca nas regiões.
"Como vocês já viram, foi publicado já o primeiro crédito de outros que serão publicados no valor de R$ 514 milhões, assim como falou também no BNDES, já até semana que vem está autorizado e liberado um pouco mais de R$ 400 milhões para apoio aos Corpos de Bombeiros desses estados da Amazônia Legal", declarou o ministro.
Segundo Costa, o montante será para "compra de materiais, equipamentos, viaturas, o que já soma os dois juntos perto de R$ 1 bilhão, e outros créditos serão publicados na medida que os governadores apresentem e materializem suas demandas".