20/04/21

Crise no transporte coletivo na pandemia abre debate da 99ª Reunião do Fórum de Mobilidade Urbana

Encontro virtual reuniu entidades do setor de mobilidade nesta terça-feira, 20

O transporte público em meio à pandemia continua sendo um gargalo para os municípios brasileiros, que já enfrentam problemas no sistema há anos. O assunto foi um dos temas da 99ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, promovida pela Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), nesta terça-feira, 20, com apoio da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

O evento virtual reuniu entidades do setor para traçar um perfil e levantar possíveis soluções para o sistema de mobilidade urbana no Brasil. A partir da provocação “A crise no transporte público: estamos indo para o colapso?”, o presidente da FNP, Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju/SE, destacou que o debate é essencial, mas que é preciso tirá-lo do papel.

“A discussão ainda fica muito em termos genéricos, precisamos de um plano mais concreto, uma proposta mais real e objetiva. É preciso discutir o papel de cada ente e de cada um nesse sistema de transporte no Brasil e encontrar solução de curto, médio e longo prazo”, declarou Nogueira.

Na opinião do prefeito, que está em seu quarto mandato pela capital de Sergipe, o modelo brasileiro de arrecadação do transporte coletivo é ultrapassado. “Esse tema é discutido há tempos pelas prefeituras. É um debate complexo, por isso precisamos dividi-lo em partes. É preciso pensar no sistema nesse momento de crise, em que houve um impacto enorme gerado pela pandemia; pensar em como esse sistema foi planejado, em que a remuneração é pela quantidade de passageiros que circula por quilômetro rodado; e pensar na gratuidade dentro do transporte, pois quem paga a conta são os mais pobres – e isso é incoerente. ”

Sobre a gratuidade de passageiros no transporte coletivo, o líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Ricardo Barros, defendeu que a conta deve ser dividida entre o sistema e o ente que propôs o passe livre. “Se retirarmos o ônus da gratuidade ou se ela for rateada, o sistema se tornará mais competitivo. Quem dá a gratuidade tem que assumir a responsabilidade. Se resolvermos isso agora, teremos redução significativa de tarifa e conseguiremos recuperar passageiros agora e depois da pandemia”, opinou o parlamentar.

Barros disse ainda que “o problema do transporte coletivo é invisível para a sociedade. Esse é um desafio, é preciso mostrar o problema para a população. Para gerar engajamento de causa é preciso ter visibilidade”, disse.

Edvaldo Nogueira endossou o discurso do deputado sobre medidas mais rápidas e concretas, mas afirmou também que “não podemos abrir mão de discutir um plano a longo prazo. ” “Somos um país de muitas desigualdades ainda e a FNP está disposta a contribuir com o debate. Precisamos enfrentar o problema e inclusive apresentar soluções fora da caixa, alternativas diferentes”, sinalizou.

O evento contou com a participação de representantes da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados no Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis. Saiba mais aqui.

Redator: Jalila ArabiEditor: Bruna Lima
Última modificação em Segunda, 26 de Abril de 2021, 17:30
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