Em conversa com governantes locais brasileiros, prefeito de Portugal contou o que o país tem feito para superar crise na saúde e afirmou que alinhamento das esferas de governo foi essencial nessa luta
Representantes do Brasil e de Portugal se reuniram nesta quarta-feira, 6, para uma rodada de debates sobre o novo coronavírus. A reunião virtual, promovida pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), teve como objetivo compartilhar experiências e entender como os dois países estão lidando com o enfrentamento à COVID-19.
Representando o Brasil, estavam presentes o presidente da FNP e prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, e o prefeito de Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira. Participaram ainda o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses e prefeito de Coimbra, Manuel Machado, e a diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Neira.
Portugal foi menos afetado pela pandemia que outros países europeus. Os primeiros casos de covid-19 foram detectados mais de um mês depois que na vizinha Espanha. Isso permitiu uma resposta rápida à doença, com o fechamento das escolas, da fronteira com a Espanha e a declaração do estado de emergência para confinar a população.
Até o momento, o país português registrou 25,7 mil casos positivos da doença e mais de mil mortes. O país, inclusive, estuda o retorno gradativo das atividades. Nessa segunda, 4, pequenos estabelecimentos comerciais começaram a abrir, mas os portugueses ainda deverão respeitar regras estritas de distanciamento físico, além do uso obrigatório de máscaras.
“Ainda estamos construindo soluções para o cenário, mas nos reunimos desde o primeiro momento em uma articulação muito estreita com o governo e com todos os poderes”, ressaltou o prefeito Manuel Machado. Ele destacou que as ações conjuntas e o apoio do presidente foram fundamentais para que o país tivesse uma taxa maior de sucesso em meio à pandemia. “Começamos um conjunto de medidas restritivas já no dia 10 de março”, lembrou.
Outra ação considerada importante pelo prefeito de Coimbra foi a comunicação diária à população de dados oficiais da doença. “Fizemos um esforço diário para manter a população informada com número de mortos, de infectados, das medidas de segurança. Criamos também uma reunião informal com cientistas nacionais e estrangeiros que apresentavam a real situação e dados oficiais.”
Maria Neira lembrou que a participação dos municípios é fundamental nesse processo. “As prefeituras têm uma grande responsabilidade na recuperação do país, para o que vai acontecer depois da pandemia”, disse a representante da OMS. Ela frisou a necessidade de medidas duras de restrição e de higiene, como lavar bem as mãos, para frear o avanço da doença.
“É fundamental ter planejamento nas cidades, identificar, por exemplo, o número de leitos nos hospitais, triagem, separação dos doentes, e manter a população bem informada, pois ela deve fazer parte dessa resposta, ela deve estar motivada”, disse.
Economia
Em relação à política econômica, o prefeito de Coimbra ressaltou que tem priorizado nesse primeiro momento a questão sanitária e de higiene. “Aqui, temos um alinhamento generalizado entre os poderes. Depois que lidarmos com os problemas de saúde, lidaremos com os econômicos e sociais”, comentou.
O prefeito garantiu que a população estará amparada após a crise passar. “As medidas custam muito dinheiro, vai haver crise econômica após a pandemia. Mas temos trabalhado, enquanto prefeitos, para que ninguém morra de fome e nem por falta de assistência médica. ”
Jonas Donizette voltou a lembrar que a situação no Brasil é bem diferente da dos portugueses, já que o presidente Jair Bolsonaro adota posicionamento negacionista diante da crise. “Ele chegou a culpar os prefeitos pelas consequências da pandemia”, relatou aos colegas estrangeiros. O país já caminha para oito mil mortos e registra 116 mil casos confirmados de COVID-19.
O prefeito Edvaldo Nogueira acredita que as prefeituras têm feito um bom trabalho e se disse esperançoso. “O mundo vai encontrar caminhos para vencer essa pandemia e enfrentar as dificuldades que virão, eu acredito. ”
Redator: Jalila Arabi
Editor: Bruna Lima