Em reunião com representantes da FNP e da Fundação Abrinq, o diretor do Conselho apontou dificuldades e apresentou medidas a serem adotadas no período da pandemia
Muitos municípios brasileiros ainda estão descobrindo como enfrentar o novo coronavírus e as consequências causadas pela doença. Para ajudar as prefeituras, o médico e diretor financeiro do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Hisham Mohamad Hamida, conversou com representantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e da Fundação Abrinq, nesta quinta-feira, 9, em webinar promovido pela rede Estratégia ODS.
A conversa virtual serviu para reforçar as medidas a serem adotadas durante a pandemia. Hisham destacou algumas palavras que podem fazer diferença em momentos como esse: integração, responsabilidade e solidariedade. “Ainda não sabemos o desdobramento e até quando essa pandemia vai. Temos que trabalhar na redução de danos causados pela doença”, afirmou.
Outro destaque é em relação ao fortalecimento da atenção básica de saúde, que prioriza o atendimento preventivo, na ponta. “Precisamos diminuir a velocidade de transmissão do vírus para diminuir a sobrecarga do sistema de saúde.”
O médico reforçou a importância do isolamento social. Para ele, esse não é o momento de afrouxar a quarentena. “Esse isolamento é essencial, ainda mais pelas limitações da rede de atenção básica”, avisou. A orientação do Conasems é para dar prioridade ao trabalho de casa sempre que possível. Ele lembrou que muitos profissionais de saúde estão atendendo de forma virtual, como os psicólogos (as). Sobre as máscaras, ele disse que a população pode usá-las, mas dando preferência para as de tecido, deixando as descartáveis para os profissionais de saúde.
Sobre as camadas mais vulneráveis da sociedade, como pessoas de rua, das favelas e de locais mais remotos, o diretor acredita que a união da população, com doações e atos solidários, pode aliviar o momento de crise – além de políticas públicas efetivas. Em momentos como este, ele disse não haver “receita de bolo”, mas que é preciso sensibilidade para observar a necessidade de cada município. “O gestor é quem mais conhece a realidade da cidade, mas isso não quer dizer que pode fazer tudo. Ainda há responsabilidades a serem cumpridas”, disse.
Economia
Com a pandemia, vários setores sofreram impacto negativo – entre eles saúde, educação e economia. “Ninguém se programou para isso, claro. Tínhamos recursos para serem usados com outras demandas, mas tivemos que adaptar, é preciso repensar as prioridades agora”, lembrou Hisham. Na opinião dele, o impacto imediato a ser reduzido é do ponto de vista da saúde, mas reconheceu que é preciso pensar a médio e longo prazo no impacto financeiro e social. “A preocupação é maior com o risco sanitário e com a saúde, mas não podemos deixar de pensar na saúde econômica.”
O representante do Conasems apontou também algumas dificuldades com os equipamentos de proteção individual (EPI’s). Segundo ele, isso ainda é um grande desafio para os municípios, que precisam, muitas vezes, contar com ajuda externa para suprir quem está na linha de frente – isso sem contar a falta de apoio emocional aos profissionais dessa área.
Hisham Hamida fez um alerta em relação a uma prática que vem se tornando cada vez mais comum, a de estocagem de alimentos. “Isso impacta diretamente na população mais vulnerável, que nem sempre tem dinheiro para comprar o que precisa. Agora é momento de se unir, não de disputar.”
Para finalizar, ele reforçou que o Conasems está à disposição para ajudar as prefeituras no que for preciso e destacou, mais uma vez, a união da sociedade. “A pandemia reacendeu o espírito solidário que sempre tivemos, mas que estava adormecido.”
O webinar foi promovido pelo projeto de Fortalecimento da Rede "Estratégia ODS". Lançado em abril do ano passado, a iniciativa é coordenada pela Fundação Abrinq, em parceria com a FNP e a Agenda Pública, com financiamento da União Europeia.
“Estratégia ODS” é uma rede de organizações da sociedade civil, do setor privado e de governos locais, que tem, entre seus objetivos, ampliar e qualificar o debate a respeito dos ODS no Brasil.
Redação: Jalila Arabi
Edição: Bruna Lima