Paulistanos já podem vivenciar uma proposta diferente no cenário urbano. Agora, a via Joel Carlos Borges tem características de uma Rua Completa, com mais segurança e acessibilidade. Inaugurada no domingo, 24, a via da capital paulista foi primeira a sair do papel entre as 11 cidades da Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono, projeto promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e WRI Brasil.
Conforme explicou o secretário de mobilidade e transportes de São Paulo, Sergio Avelleda, a rua é mais utilizada por pedestres e as adaptações foram feitas pensando nisso. “O carro não foi abolido, não gerará nenhum engarrafamento, nem transtorno para quem dirige, mas vai melhorar muito a vida para quem é pedestre”, disse.
Segundo a coordenadora de Mobilidade Ativa do WRI Brasil, Paula Santos, o espaço de uma Rua Completa precisa ser confortável, seguro e interessante para as pessoas que caminham. “A vocação dessa rua é proporcionar a melhor experiência para a enorme quantidade de pessoas que circula a pé”, completou.
Durante este ano, o WRI Brasil fornecerá suporte técnico para as outras 10 cidades desenvolverem projetos de ruas completas que priorizem tanto o transporte ativo como o coletivo. “Compete à prefeitura olhar para a rua não como um espaço exclusivo de carros, mas como um espaço público que precisa ser melhor utilizado”, concluiu Avelleda.
A rua
A via dá acesso à estação de metrô Berrini, no Brooklin, e, no horário de pico da manhã, entre 7h e 8h, transitam cerca de 1800 pessoas a pé e apenas 67 veículos. As alterações no desenho da rua fizeram com que ela se tornasse mais adequada à circulação dos pedestres.
Requalificada, a Rua Joel Carlos Borges está mais bem sinalizada, com balizadores, placas e outros, além de incluir mobiliário urbano e vasos de plantas. As calçadas, antes estreitas e em más condições, agora ganharam mais 3,5 metros de largura (1,5 metro de um lado e 2 metros do outro), proporcionando maior conforto e segurança para quem caminha.
O trânsito de carros, agora, é apenas em um sentido e ganhou pequenos desvios, chamados de chicanas, uma solução técnica para ajudar a garantir que o novo limite de velocidade de 20 km/h seja respeitado. De acordo com o WRI, análises realizadas pelo Departamento de Transportes do Reino Unido sobre o uso de chicanas como solução de moderação de tráfego indicam uma redução de acidentes com feridos de 54% e a diminuição na gravidade dos acidentes.
As esquinas com a Avenida das Nações Unidas e a Rua Sansão Alves dos Santos também foram ampliadas com mais espaço de calçadas. Essa medida reduz a distância da travessia para os pedestres e faz com que eles sejam mais facilmente reconhecidos pelos motoristas, impondo aos motoristas uma diminuição da velocidade no momento da conversão e oferecendo proteção às pessoas. O WRI aponta que evidências de cidades latino-americanas mostram que a probabilidade de ocorrer um atropelamento aumenta em 6% para cada metro a mais de distância em uma travessia de pedestres.
Com o trabalho conjunto da Prefeitura de São Paulo, WRI Brasil, FNP, Urb-i e Bloomberg Initiative for Global Road Safety e a empresa Indutil, a requalificação da rua em São Paulo foi feita em pouco tempo e com base em materiais como tinta, sinalização vertical e mobiliário urbano, uma forma de permitir que as pessoas possam vivenciar a nova estrutura antes que sejam feitos investimentos maiores.