Uma boa gestão online e integrada é a base de uma cidade inteligente, onde o modelo adotado deve ser capaz de proporcionar mais qualidade de vida às pessoas
Por Atilio Rulli*
O tema das cidades inteligentes – ou “smart cities” – desperta a imaginação do público, que logo pensa em robôs, carros autônomos e todo um universo tecnológico que, até então, só havíamos visto nos filmes, ou desenhos animados. Cidades inteligentes, no entanto, são muito mais do que isso. Trata-se de um conceito amplo, que remete a uma comunidade que usa a tecnologia para criar modelos de governança ágeis e eficientes, capazes de proporcionar mais qualidade de vida a seus cidadãos, com segurança, otimização da gestão de recursos e maiores possibilidades de interação dos munícipes com as Prefeituras.
As “smart cities” dependem diretamente de uma gestão inteligente, ou seja, um projeto de médio a longo prazo, conduzido por uma equipe multidisciplinar, que inclui profissionais de TI (tecnologia da informação) e líderes que acreditam na importância da cooperação e da integração entre todas as instâncias da administração.
É preciso criar um sistema de bancos de dados capaz de concentrar e distribuir as informações do município para aqueles que criam e executam políticas públicas como, por exemplo, planos de segurança, oferta de serviços de saúde e obras de infraestrutura. Atualmente já existem tecnologias que ajudam a identificar e a solucionar mais rápido os problemas, além de permitir maior participação da sociedade por meio de aplicativos de comunicação.
Simplificando a gestão
As tecnologias, software e hardware, são as ferramentas que o gestor com o viés “smart” tem para executar o seu planejamento, começando pela infraestrutura de conectividade com banda larga fixa, móvel, rádio, wireless ou LTE (4G). Depois, em uma segunda camada, temos os sistemas de armazenamento e processamento de dados, que podem ser feitos em um servidor próprio, na nuvem pública ou privada ou, até mesmo, de forma híbrida, unindo os três sistemas.
Outro ponto a ser levado em consideração é a simplificação das formas de gestão, com um único número telefônico, por exemplo, para concentrar toda a coleta de informação e facilitar o contato entre o cidadão e a prefeitura.
Gestão integrada e 5G
Uma boa gestão online e integrada é a base de uma cidade inteligente, mas é preciso levar em conta, também, as prioridades do gestor. Ele pode se questionar se é melhor focar primeiro no sistema de gestão, ou em trazer tecnologias que terão impacto direto na vida de seus habitantes. As possibilidades são muitas e, com a chegada do 5G, ficarão ainda maiores e mais relevantes.
Além de câmeras de controle de trânsito, podemos prever ônibus e carros autônomos e outras inovações que dependam de uma rede mais rápida, de baixa latência. É essencial que o gestor se pergunte: “O que eu quero para agora, para amanhã e para depois?”
O termo “smart city” é muito amplo e qualquer cidade pode ser “smart”. Um dos pontos mais importantes é o planejamento e digitalização dos processos. Estamos falando de transformação digital, a mesma que já está em curso há muito tempo no setor privado e da qual o setor público não pode ficar de fora. Uma vez vencidos os desafios internos e externos de integração e conectividade, os ganhos no uso eficiente dos recursos e nas possibilidades de melhoria da qualidade de vida da população são enormes.
*Diretor sênior de Relações Governamentais na Huawei do Brasil, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no país. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.