Encerramos a nossa participação no Harvard Smart Cities Innovation Accelerator Las Vegas. A cúpula faz parte do The Innovators Forum, uma colaboração entre lideranças seniores dos setores público e privado, que se reúnem para discutir ideias e desafios emergentes em inovação e empreendedorismo. O programa é idealizado pelo Centro de Tecnologia e Empreendedorismo de Harvard (TECH).
A agenda enfatizou a tecnologia e a inovação como fatores propulsores da melhoria da qualidade de vida do cidadão, compartilhando ideias e boas práticas para ajudar as comunidades a alcançar maior eficiência com a utilização das novas tecnologias.
Nesse ano, os workshops debateram dois temas centrais: mobilidade e segurança pública. Participaram da cúpula cerca de 70 lideranças, representando 25 cidades, como Seattle, Austin, Toronto, Miami, San Jose e outras. Guarulhos foi a única cidade brasileira a integrar a agenda.
Las Vegas, a anfitriã do evento, é mais que o polo de entretenimento que conhecemos. A cidade – que tem como meta se tornar totalmente inteligente e conectada até o ano de 2025 –é também ambiente de testes para novas tecnologias. Os testes acontecem em seu Distrito de Inovação, localizado no núcleo urbano da cidade e que tem como objetivo concentrar investimentos em tecnologias de cidade inteligente. A implantação de uma área da cidade voltada a ser um verdadeiro laboratório a céu aberto é uma proposta desafiadora, necessitando de estruturas de governança, legislação específica e fontes de financiamento para que os pilotos lá realizados possam ganhar escala.
No âmbito da mobilidade Las Vegas testou veículos autônomos durante um ano. Moradores e turistas puderam atravessar uma parte do centro de Las Vegas em um micro-ônibus sem motorista. O fornecedor de serviços de transporte Keolis foi quem operou o ônibus, que conta com câmeras, GPS e sensores a bordo. A fabricante de veículos autônomos Navya projetou o ônibus usado no programa piloto que começou em novembro de 2017 e foi realizado sem nenhum custo para os cofres da cidade.
Já no assunto segurança pública, a cidade atua através de parcerias público-privadas com empresas como a NTT e a Cisco, que estão aplicando a Internet das Coisas (IoT) e análise de dados para ajudar a melhorar a segurança pública. Câmeras de vídeo de alta definição, sensores de som e movimento e uma variedade de dispositivos IoT estão sendo integrados e implantados para monitorar uma área geográfica no Distrito de Inovação, criando uma solução de segurança multicanal.
Um ponto que precisamos ter em mente quando pensamos na popularização e difusão de IoT nas cidades é que elas criam um novo ambiente de convivência e de negócios, com novas oportunidades econômicas através da criação de soluções embarcadas. É papel do poder público garantir que esse ambiente seja acessível, seguro e democrático. Para isso é importante que já na fase de implantação da infraestrutura sejam priorizados sistemas abertos, integráveis e transparentes.
Para que esse novo ambiente possa ter um impacto positivo que possa ser sentido no dia a dia dos cidadãos a estrutura de regulamentação do uso de dados precisa estar estabelecida nos diversos níveis governamentais: Federal, Estadual e Municipal. Cabe destacar que mesmo nos Estados Unidos ainda não há esta estrutura e os gestores públicos se veem muitas vezes sem uma baliza para lidar com a aplicação de inovações no dia a dia das cidades.
Mesmo sem o amparo dessas estruturas as cidades já estão se movendo e se tornando protagonistas da mudança, e penso que aqui no Brasil os Municípios serão chave para avançar essa agenda junto ao Governo Federal, através de entidades municipalistas como a Frente Nacional dos Prefeitos – FNP. Precisamos encontrar modelos viáveis para a contratação destes novos serviços pelas cidades, e essa pauta precisa ser inserida em debate nos poderes executivo, legislativo e judiciário para que possa ser implantado de forma rápida, para que um dos poderes não acabe por se tornar um gargalo no processo.
No workshop tivemos uma apresentação sobre o Mastercard City Possible, programa de cidades inteligentes da Mastercard. Por meio dessa iniciativa a empresa quer estabelecer um novo modelo de engajamento e cooperação entre os setores público e privado para promover um ambiente de co-desenvolvimento de soluções para as cidades em nível global. Mais do que debater sobre as novas tecnologias, os workshops priorizaram a troca de experiências entre os dirigentes das cidades, buscando entender como a inovação está sendo aplicada de acordo com a realidade de cada localidade e compartilhando os modelos que se mostram mais eficazes.
E assim encerramos a nossa participação no Harvard Smart Cities InnovationAccelerator Las Vegas, mais uma agenda internacional onde foi possível inserir Guarulhos em um ambiente de troca de experiências, construção de relacionamentos e estruturação de parcerias entre cidades. Embora as demais esferas de governo sejam relevantes, esta interação entre cidades é especialmente rica, pois é a dimensão de governo mais próxima do dia a dia do cidadão, enfrentando desafios surpreendentemente similares por todo o globo.
Quero agradecer mais uma vez o convite da Universidade de Harvard - por meio de seu Centro de Inovação e Empreendedorismo - e da Mastercard, por meio do programa City Possible e de seu vice-presidente executivo de Cidades Globais, Miguel Gamino. Também quero deixar o meu agradecimento especial ao prefeito Guti, que é quem lidera o processo de desenvolvimento da cidade de Guarulhos e tem trabalhado com afinco para realizar ações e projetos com impacto positivo na vida do cidadão de Guarulhos. É uma grande honra representá-lo.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o programa que vivenciamos nesses dias aqui em Las Vegas, pode acessar o site https://theinnovatorsforum.org/
Até a próxima.
Rodrigo Barros
Secretário de Desenvolvimento Científico, Econômico, Tecnológico e de Inovação de Guarulhos (SDCETI)