04/06/18

Lição da crise de abastecimento: uma mobilidade mais humana já!

Passamos por momentos tensos nos últimos dias por causa da greve dos caminhoneiros. Em um determinado momento, o país que fez a opção pelo modo rodoviário para o transporte de cargas e, como dizia aquele comercial que o brasileiro é apaixonado por carros, se viu refém de sua escolha e paixão.

Como resultado, o que se viu nos últimos dois dias foram filas de dezenas de carros a espera de alguns litros de combustível. Em locais onde há a restrição, seja por quantidade de litros ou em reais, pessoas entraram na fila duas, três ou mais vezes para ter a certeza e a tranquilidade de um tanque cheio. Aqui cabe uma pergunta, para que tanto desespero por combustível?

Nos dias em que os postos estavam fechados muita coisa funcionou, com precariedade é verdade, mas cada um encontrava uma alternativa. Nós nos deslocamos a pé, usamos o transporte coletivo, mesmo com o racionamento da oferta, São Paulo verificou uma explosão do uso das bicicletas, nos organizamos em grupos de carona, enfim, nos locomovemos e chegamos aos nossos destinos.

É essa reflexão que queremos fomentar no pós-crise do abastecimento. Será que você consegue se adequar e mudar seus hábitos para usar com mais racionalidade o transporte individual? Você consegue organizar caronas solidárias com seus colegas de faculdade e/ou trabalho? Quem sabe uma pedalada?

Talvez, para percebermos que é possível mudar foi preciso um momento em que toda uma nação parou para ver como somos dependentes do petróleo e como somos vulneráveis. A sociedade brasileira clama por mudanças. Mas quem é a sociedade brasileira se não cada um de nós? E, se clamamos por mudanças, elas podem começar em cada ponto desse país com as atitudes que tomamos para vencer nossas dificuldades de deslocamento: mais coletivo, menos individual; mais pedal, menos motor; mais energia, menos poluição.

A recente crise da energia elétrica mostrou o poder de transformação de uma sociedade. Hoje falamos com naturalidade sobre produzir energia solar, eólica e, a cada dia, vamos fazendo nosso trabalho de formiguinha para mudar a realidade de alguns anos atrás. Mas você deve estar se perguntando, o que isso muda na prática? A simples alteração dos hábitos de consumo, seja pela redução ou adequação, e da produção de energia está criando uma matriz energética mais diversificada e limpa do que a de dez anos atrás. Se nos esforçarmos para deixar o carro em casa pelo menos uma vez por semana já teremos menos 20% de veículos nas ruas e isso já é uma grande mudança.

Uma mobilidade urbana mais humana começa na opção que fazemos cada vez que saímos de casa para nossas atividades diárias. Que tal darmos início a essa revolução agora mesmo?

#SejaVocêaMudançaNoTrânsito

Rodrigo Tortoriello

Secretário de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora

Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana

Presidente do Fórum Mineiro de Gerenciadores de Transporte e Trânsito

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