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29/07/21

Prefeito de Campinas fala sobre desafios na saúde com demandas represadas pela pandemia

Dário Saad foi um dos debatedores do evento “O futuro das doenças cardiovasculares no Brasil”

Procedimentos represados e sequelas pós-COVID-19 devem ser os principais desafios para os gestores municipais nos próximos meses, de acordo com o prefeito de Campinas/SP, Dário Saadi. O governante, que também é vice-presidente de Saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), foi um dos debatedores do painel “O futuro das doenças cardiovasculares no Brasil”, nesta quinta-feira, 29, a apontar acometimentos cardíacos como possível consequência da doença causada pelo novo coronavírus.

Desde o início da pandemia, prefeitos brasileiros mobilizaram as estruturas de saúde de suas cidades para atendimento de pacientes com COVID-19. E isso, segundo Saadi, reprimiu as demandas, com a suspensão de procedimentos eletivos e consultas especializadas.

Segundo o prefeito, em 2020, o governo federal fez um aporte importante para os municípios, tanto para o atendimento à pandemia, quanto para compensação de queda de arrecadação. No entanto, os impactos da COVID-19 seguem em 2021 e o mesmo “recurso não foi enviado às cidades, que estão tratando a pandemia dentro do orçamento da saúde”, ressaltou.

Essa preocupação alcança também os atendimentos represados. O governante citou o dado do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), sobre o fato de que mais de 1 bilhão de procedimentos ambulatoriais e hospitalares deixaram de ser realizados em 2020. O tema já esteve em pauta em outras reuniões da FNP. Saiba mais. 

“Nós não temos a real dimensão do que será o pós-COVID-19. Acho que irá gerar um grande colapso no futuro, não só porque houve represamento das doenças crônicas, como existem uma série de complicações que estão evidenciando e a gente está acompanhando”, comentou o médico cardiologista Marcelo Ferraz Sampaio.

Para além da questão dos atendimentos represados e do financiamento à saúde, o vice-presidente de Saúde da FNP destaca as sequelas pós-COVID-19 como entrave para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos ter uma legião de pacientes que vão precisar de um acompanhamento mais de perto, por questões da COVID, que vão continuar persistindo”, disse. Para ele, a pandemia agravou doenças, como as cardíacas. “Percebemos uma presença muito forte de complicações cardiovasculares pós-covid nas nossas unidades”, comentou.

De acordo com a moderadora do debate, Guta Nascimento, anualmente, 14 milhões de brasileiros são acometidos por doenças cardíacas. O Infarto, por exemplo, é responsável por mais de 30% das mortes no Brasil, o que alcança uma mortalidade de 380 mil brasileiros por ano.

Para o médico sanitarista Gonzalo Vecina, “se sociedade não começar a se estruturar, o SUS não vai conseguir dar as respostas necessárias”. Na opinião do debatedor, promoção de saúde se faz por meio da estruturação da Atenção Primária da Saúde que “sofreu muito na pandemia”. Ele ainda afirmou que problemas criados por doenças cardiovasculares só serão resolvidos se a “Atenção Primária for a primeira linha de enfrentamento”.

Também participou do debate o médicos cardiologista José Eduardo Fogolin Passos.

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 - Saúde e Qualidade; 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes; 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Saiba mais aqui.

Redator: Livia PalmieriEditor: Jalila Arabi
Última modificação em Quarta, 08 de Setembro de 2021, 11:31