18/08/17

PNUD alerta estados e municípios para ações conjuntas no combate ao vírus Zika

Divulgação PNUD alerta estados e municípios para ações conjuntas no combate ao vírus Zika

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou, na terça-feira, 15, em Brasília/DF, um relatório que avalia o impacto socioeconômico do vírus Zika na América Latina e Caribe. O documento evidencia a importância das ações intersetoriais no combate ao mosquito Aedes agypti, da atuação do sistema de proteção social (além do sistema de saúde e vigilância) e da mobilização da sociedade.

O estudo é resultado de parceria do PNUD com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FIRC), com a colaboração do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e da Universidade Johns Hopkins (JHU). O diretor de país do Pnud, Didier Trebucq, afirmou que o Brasil teve uma resposta eficaz nas campanhas realizadas em parceria com os governos estaduais e municipais. “Agora é importante o planejamento para evitar impactos maiores no futuro, no que tange à microcefalia. Também é fundamental continuar com as medidas sociais para ajudar, principalmente, as pessoas que vivem em áreas mais vulneráveis, que são apontadas no relatório como as mais afetadas”.

O relatório “Uma avaliação do impacto socioeconômica do vírus Zika na América Latina e no Caribe: Brasil, Colômbia e Suriname como estudos de caso” conclui que a epidemia de Zika terá impacto significativo de curto e de longo prazos nas esferas econômica e social nas Américas.

Para o prefeito de Apucarana/PR e vice-presidente de Saúde Pública da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Beto Preto, o Zika tem sido a nova prioridade de combate às endemias, mesmo com os custos inflacionados repassados aos municípios. “Com a Dengue, a Zika ou a Chikungunya, os municípios precisam continuar mobilizados e orientando a população. Estamos debelando as endemias com planejamento e de forma adequada, mas ao mesmo tempo, os gestores públicos lutam para que o cofinanciamento deste trabalho seja justo, principalmente com os municípios”, avalia o prefeito Beto Preto.

O relatório apontou que o Zika é responsável por um custo de US$ 18 bilhões (aproximadamente R$ 56 bilhões de reais) na América Latina e no Caribe, entre 2015 e 2017. No longo prazo, o custo da microcefalia resultante do Zika pode atingir entre US$ 3 a US$ 10 bilhões de dólares só no Brasil, impondo um ônus imediato sobre os sistemas de cuidados de saúde e bem-estar social, de acordo com a avaliação de impacto.

Economias maiores como o Brasil devem ter a maior parcela do custo absoluto, mas os impactos mais severos serão sentidos em países mais pobres. Haiti e Belize podem perder em torno de 1,13% e 1,19%, respectivamente, do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente em um cenário de infecção elevada. Os custos indiretos podem ser substanciais. As estimativas sugerem que a renda perdida devido a novas obrigações com cuidados infantis poderá atingir US$ 5 bilhões de dólares (aproximadamente 15,5 bilhões de reais) para a região.

Uma das organizadoras do relatório, Pallavi Yagni, destacou que o Zika afeta principalmente as populações mais pobres, sobretudo as mulheres pobres de áreas periféricas das cidades.

Zika no Brasil

“O Brasil é um país central no acúmulo de conhecimento. Foi o primeiros pais com um grande surto que atingiu uma parte vulnerável da população. Aqui temos a oportunidade de fazer um acompanhamento para entender melhor as consequências e implicações do Zika em médio e longo prazos”, ressaltou o Representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil, Joaquin Molina.

A capacidade já instalada no Brasil para o combate de outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor auxiliou na resposta rápida que o país alcançou. Contudo, a doença ainda está presente na realidade e as ações de prevenção e combate não podem arrefecer, sob o risco de retorno do estado epidêmico. O custo econômico considerável do Zika destaca a necessidade de controlar o mosquito Aedes aegypti de forma integrada e multissetorial, considerando que Dengue, Chikungunya, Febre Amarela e Zika são todos espalhados pelo mesmo tipo de mosquito.

O estudo de caso, feito a partir das ações desenvolvidas no Brasil, na Colômbia e no Suriname, mediu os impactos socioeconômicos nos países e nas comunidades mais vulneráveis, além de analisar as respostas institucionais. Até este ano, 48 países confirmaram casos do vírus, sendo que o maior número de infecções nos países foi registrado durante o ano de 2016, com queda em 2017.

Redator: Rodrigo Eneas
Última modificação em Sexta, 18 de Agosto de 2017, 15:43
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